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sábado, 29 de dezembro de 2012

Feliz 2013!!!

Nós, do blog Ostomia sem fronteiras, desejamos a todos ostomizados, ex-ostomizados, familiares, amigos e seguidores que no Ano Novo que se aproxima, possamos viver intensamente cada momento com muita Paz, Amor e Esperança, pois a vida é uma dádiva e cada instante é uma benção de Deus!

Nunca se esqueça de que "para sonhar um ano novo que mereça este nome, você, meu caro, tem de merecê-lo, tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil, mas tente, experimente, consciente. É dentro de você que o Ano Novo cochila e espera desde sempre" (Carlos Drummond de Andrade)

Feliz Ano Novo!!!


terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Algumas dicas que podem facilitar a troca da bolsa e ajudar a placa a aderir melhor na pele.


Christiane e Cláudia Yamada

Gostaríamos de compartilhar com vocês algumas dicas de como trocar a bolsa de ostomia, que podem ser úteis aos recém-ostomizados. Porém não podemos nos esquecer de que o que é bom para nós, nem sempre é bom para o outro!

1 – Troque a sua bolsa de preferência na parte da manhã e em jejum, pois geralmente neste horário o seu intestino está “mais vazio” e diminui o risco de funcionar na hora da troca.

2 – Deixe uma placa recortada previamente no dia anterior, ou antes de retirar a bolsa, pois a pressa pode atrapalhar, e fazer com que o recorte fique grande, o que facilita que ocorra infiltração das fezes e assim a pele pode ficar assada, ou que fique muito justo, podendo machucar o estoma.

3 – Antes de recortar a placa, primeiro desenhe o recorte com a ajuda de uma caneta esferográfica e de um medidor.

4 – Procure recortar a sua placa, com uma tesoura pequena de ponta arredondada (aquelas de cortar unha de bebê), pois facilita o recorte.

5 – Para descolar a placa da sua pele, utilize um pedaço de pano macio (por exemplo um pedaço de fralda) umedecido e com sabão, pois facilita a retirada da placa. Retire a placa com cuidado, para não machucar a pele.

6 – Lave bem ao redor do ostoma com água e sabão neutro, retirando todos os resíduos de fezes e pasta. Evite o uso de sabonetes com hidratantes, pois pode prejudicar a aderência da placa na pele.

7 – Enxágue bem a pele retirando todo o sabão.

8 – Seque a pele com um pano macio, principalmente ao redor do ostoma, pois se estiver molhada ou úmida a placa não irá colar direito.

9 – O uso de um espelho pode auxiliar a troca da placa, pois facilita a visualização.

10 - Se necessário, passe o spray Cavilon antes de colocar a placa e espere secar bem.

11 – Se a pele estiver machucada, coloque o “pó para estoma” para retirar a umidade e ajudar a cicatrizar, retire o excesso e coloque a placa.

12 – Algumas pessoas têm a pele irregular, ou ostoma retraído, ou dificuldade da aderência da placa na pele, e utilizam pasta com álcool ou barreira protetora (sem álcool), para ajudar a fixação (aderência) da placa na pele. Esses produtos podem ser colocados na placa ao redor do recorte, ou diretamente na pele em volta do ostoma. 

13 – Após colocar a placa passe o dedo ao redor do ostoma, para fixar bem a placa.

14 – Evite fazer movimentos bruscos logo após trocar a placa, para que a placa fixe bem na pele

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Mensagem de Mayra Oliveira


Tenho 23 anos e sou ostomizada, e isso não significa ter uma bolsa coletora de fezes e sim uma vida mais saudável. A retocolite estava me matando aos poucos, passei anos lutando contra a doença até que chegou o dia de eu fazer a cirurgia de ostomia.
Hoje estou curada, não tenho mais o intestino doente, não tenho o intestino grosso, por isso preciso da bolsa de colostomia e as vezes eu não vou poder escondê-la debaixo da roupa, agora ela faz parte do meu corpo.
Muitas pessoas precisam fazer essa cirurgia seja por doença ou por acidente ocorrido, mas a grande maioria da população nunca ouviu falar dessa cirurgia simplesmente porque não é divulgado, não sei porque... dizem que o intestino é o segundo órgão mais importante no nosso corpo, depois do coração, e eu posso dizer pra você com todas as letras! não é fácil ser uma pessoa com problemas no intestino, como também não é fácil ser uma pessoa com problemas no coração, no pulmão, ter diabetes, perder um braço, uma perna, mas sempre damos um jeito pra conviver com aquilo que surgiu de repente em nossas vidas. 

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

A importância da convivência com outros ostomizados


Christiane e Cláudia Yamada

A maioria das pessoas não sabe o que significa “ser ostomizada”, pois a cirurgia de “ostomia” não é muito divulgada na mídia, e na maioria das vezes nós só ficamos sabendo o que é, quando por algum motivo, nós, algum familiar, ou amigo precisamos passar por esta cirurgia.

Cada pessoa reage de uma maneira e no começo todos temos o direito de ficar triste, chorar, sofrer, se revoltar... A duração desses sentimentos depende do tempo de adaptação e aceitação de cada um.

Muitas vezes, no início, acreditamos que somos os únicos ostomizados do planeta, e por isso nos sentimos o “patinho feio” da família e dos amigos, e então imaginamos que a nossa vida acabou, que ninguém irá nos aceitar, que nossos amigos e nossa família irão nos abandonar! Mas calma, pare e respire, porque nem sempre é assim!

Nós temos algumas ferramentas ao nosso favor, e uma delas é a internet! É lógico que a internet também pode não ser favorável, depende muito do que você pretende pesquisar. Portanto, use-a a seu favor!!!

As páginas de relacionamento são ótimas ferramentas, pois nelas encontramos muitas pessoas ostomizadas para nos relacionarmos, trocarmos experiências, dicas de alimentação, roupa, materiais... Além disso, nessas páginas existem muitos grupos relacionados à ostomia, onde são discutidos diversos assuntos, são tiradas muitas dúvidas, temos acessos aos nossos direitos... e o principal, descobrimos que existem muitas pessoas que são iguais a nós e são muito felizes.

Nós conhecemos pessoas que ainda estão em processo de adaptação e precisam da nossa ajuda, mas também aquelas que já superaram qualquer sentimento de dor, revolta, tristeza, e hoje estão prontas para ajudar os recém ostomizados e os ostomizados que ainda não se aceitaram.

Nós aprendemos muito e também ensinamos muito convivendo com outras pessoas ostomizadas. Por isso a troca de experiência é fundamental para o nosso aprendizado, nossa adaptação e nossa aceitação, pois nós não nascemos ostomizados e, portanto, não temos a obrigação de saber como lidar com a ostomia.

Muitas vezes acreditamos que a situação em que nos encontramos é a pior de todas, mas ao conhecermos outras pessoas ostomizadas, percebemos que existem casos muito mais difíceis que o nosso. Além disso, algumas pessoas não são ostomizadas, porém tem limitações mais complicadas que a de um ostomizado, por exemplo, um deficiente visual, paraplégico, tetraplégico..., e muitos deles são felizes, então nós também podemos superar as nossas dificuldades e viver bem.

É muito importante conhecermos novos ostomizados, nem que seja só para “jogar conversa fora”, pois muitas vezes precisamos da companhia de pessoas que passaram ou estão passando pela mesma situação que a gente para desabafar, pois elas sim entendem as nossas dificuldades, os nossos medos, as nossas tristezas... não que uma pessoa que não seja ostomizada não nos entenda, mas é diferente!
Através da troca de experiência nos grupos nós aprendemos que apesar de termos nossas limitações, nós nascemos para sermos felizes! Precisamos nos libertar do “estigma social” de “coitadinho”, mostrar nossa “cara” ao mundo, mostrar que somos capazes e que somos felizes...Por isso, divirta-se, sorria, seja feliz, viva a vida!!!


quinta-feira, 25 de outubro de 2012

A importância da demarcação de uma ostomia


A confecção de um estoma é um procedimento comum e apesar de comumente realizado, tal procedimento é potencialmente acompanhado de complicações que na maioria das vezes são subestimadas.

Muitas complicações estão relacionadas com a má localização do estoma, como, por exemplo, podemos citar: dificuldade com o auto-cuidado; problema com a adaptação do dispositivo levando à ocorrência de complicações na pele periestoma ou no estoma, consequentes problemas de ordem emocional que, além de traumatizar, dificultam a reabilitação das pessoas ostomizadas; ansiedade do paciente; rejeição ao estoma; além de complicações futuras como hérnias e prolapso do estoma entre outras.  Portanto, a confecção do estoma numa área que assegure a aderência do dispositivo e de fácil visualização do paciente, constitui-se em uma estratégia de prevenção de complicações importantes.

 As complicações também estão associadas a outros fatores de ordem geral, como idade avançada, fragilidade da musculatura abdominal, aumento da pressão intra-abdominal, redução do tônus muscular, aumento de peso no pós-operatório, estado físico debilitado, radiação pré e pós-operatórias, entre outros. A hérnia periestomal é uma das complicações que está relacionada à confecção de um orifício abdominal grande ou, em caso de pacientes obesos e com mau estado geral ou, ainda pelo aumento da pressão intra abdominal e localização do estoma em incisão operatória anterior .

Uma grande parte de tais complicações podem ser evitadas com o planejamento do local de confecção do estoma e com o uso de técnica cirúrgica adequada. Principalmente nos casos de estomas definitivos, uma maior atenção na sua confecção, que ocorre normalmente ao final do procedimento cirúrgico, poderá proporcionar melhor qualidade de vida ao paciente, com menores taxas de complicações.

Sendo assim, a demarcação realizada no período pré-operatório é considerada um fator determinante para reabilitação do ostomizado, devido à facilitação ao auto cuidado e reabilitação no processo pós-ostomia, além de facilitar a adaptação psicológica e social do paciente.

A demarcação, por se tratar de uma técnica simples e de fácil realização, não deveria ser negligenciada por parte dos enfermeiros e dos cirurgiões. A responsabilidade deve ser compartilhada entre esses profissionais e vista como um compromisso com o paciente, considerando-se que ter o estoma em local previamente selecionado e adequadamente construído é parte integrante de seus direitos.

A demarcação prévia do local do estoma é um dos fatores essenciais na prevenção de complicações tanto no estoma quanto na pele periestoma, pois um estoma bem localizado na parede abdominal facilita as atividades de auto cuidado referentes à remoção e à colocação da bolsa, higiene do estoma a pele periestoma, bem como a manutenção do sistema coletor, contribuindo para prevenir complicações, possibilitar a reintegração social precoce, constituindo, ainda, um direito do paciente. Estudos demonstram que a localização inadequada do estoma é mais comum em cirurgias de urgência, denotando a importância do planejamento pré-operatório.

Uma das principais complicações relacionadas aos estomas incluem a adaptação inadequada da placa de ostomia, devido à má localização do estoma na parede abdominal, situando-se próximo a depressões, pregas cutâneas, proeminências ósseas, permitindo o vazamento do conteúdo drenado pelo estoma. Portanto, é muito importante selecionar o local para o posicionamento do estoma para facilitar a reabilitação da pessoa ostomizada, do aspecto físico e emocional. O objetivo é favorecer, durante o ato cirúrgico a confecção de uma abertura anatomicamente adequada que permita adaptação de dispositivos para a coleta dos efluentes com o mínimo de desconforto para o paciente, pois um estoma mal localizado tem um efeito negativo na reabilitação além de dificultar o auto cuidado.  

Para a realização adequada da demarcação deveremos considerar alguns fatores especiais tais como: portadores de próteses, obesos (abdômen em avental) cadeirantes e qualquer outro fator que influencie a mobilidade do paciente. Quanto a localização, deverão ser evitados determinados locais, o estoma deverá estar a uma distância mínima de 5 cm de proeminências ósseas, (rebordo costal, crista ilíaca) linha da cintura, prega inguinal, dobra cutânea, incisão cirúrgica e drenos.

Se faz necessário que o local demarcado seja respeitado no período intra operatório e, quando não for possível deve ser feita na área próxima do local anteriormente previsto. Existem alguns fatores quanto a escolha do local demarcado: localização do músculos reto abdominal (O músculo reto-abdominal é o escolhido pelos cirurgiões para colocação dos estomas por fornecer apoio muscular, reduzir o risco de complicações tardias relativas à prolapso e hérnia periestomal), área de pele suficiente para instalação (aderência) do dispositivo, manter uma distância adequada entre o local do estoma e dobras e pregas de pele, cicatrizes umbilical, proeminência óssea das costelas e crista ilíaca e localização que permita a boa  visualização pelo cliente. 
  

MÉTODO PARA MARCAR O LOCAL DA INSERÇÃO DO ESTOMA

  • Verificar o tipo de estoma a ser realizado: este fator possibilita saber o segmento do intestino a ser exteriorizado para determinar o quadrante abdominal onde será localizado o estoma;
  • Localizar o músculo reto abdominal;
  • Escolher o local do estoma conforme os seguintes requisitos: abaixo da margem costal; planejar o local da incisão; distanciar quando possível de antigas cicatrizes, pregas cutâneas, linha da cintura, crista ilíaca e cicatriz umbilical;
  • Marcar claramente o local com uma caneta dermográfica;
  • Quando em dúvida - marcar duas localizações;
  • Solicitar ao paciente que se sente, levante e deite para observar o local demarcado nas diferentes posições;
  • Verificar a margem de fixação dos dispositivos que deve ter uma área de 4cm² a 5cm²  em relação ao local demarcado;
  • Quando necessários dois estomas (urostomia e colostomia, ou ileostomia), estes não devem estar localizados no mesmo nível, devido ao possível uso da cinta;
  • Atentar para atividades no trabalho, lazer e prática de esportes;
  • Na ileostomia em alça ou terminal, o estoma deve ser localizado no quadrante inferior direito;
  • Na colostomia de cólon descendente ou sigmóide, o estoma deve ser localizado no quadrante inferior esquerdo.





Referências:

DELAY, D. M. P. V. O cuidado dom o ostomizado: uma revisão da literatura. 2007.

MEIRELLES, Creusa Aparecida, FERRAZ, Clarice Aparecida. Avaliação da qualidade do processo de demarcação do estoma intestinal e das intercorrências tardias em pacientes ostomizados.  Rev Latino-am Enfermagem.  v. 9(5):32-8, set./out. 2001.

MENDONÇA, Regiane de Souza, VALADÃO, Marcus, CASTRO, Leonaldson, CAMARGO, Teresa Caldas Camargo. A Importância da Consulta de Enfermagem em Pré-operatório de Ostomias Intestinais. The Importance of the Nursing Visit Prior to Intestinal Ostomy Placement . Revista Brasileira de Cancerologia. v. 53(4): 431-435. 2007.

SANTOS, C. H. M., BEZERRA, M. M. B., BEZERRA, F. M. M., PARAGUASSÚ, Bianca Rahal.  Perfil do paciente ostomizado e complicações relacionadas ao estoma. Profile of the pacient with stoma and complications related to stoma. Rev bras. colo-proctol. v.27 n.1 Rio de Janeiro jan./mar. 2007.

YAMADA, B.F.A., MARCONDES, Maria da Glória, CESARETTI, Isabel Ribeiro, PRADO, Alciony Aparecida. Vislumbrando a demarcação no terceiro Milênio. Rev.Esc.Enf.USP,v.33. Número Especial, 1999.

YAMADA, B.F.A., MARCONDES, Maria da Glória, CESARETTI, Isabel Ribeiro, MORAIS, José Fausto de, PRADO, A. A. B. Ocorrência de Complicações no Estoma e Pele Periestoma: estudo retrospectivo. Rev Estima.  vol 1 (3). p. 16 – 24. 2003.

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Depoimento de Zenaide Santos


Em 2003, depois do trabalho cheguei a casa sentindo dores, mas era normal, muito cansaço. Dormi algumas horas e acordei com muita dor, não sabia onde, todo o corpo. Chamei minha filha e pedi para me levar para um hospital.
Fiz exames e veio aquele diagnostico terrível... Era “CÂNCER”  entre a bexiga e a Uretra. Foi então a grande luta. Fiz duas cirurgias, uma para retirar o tumor, que não teve êxito.
Dois meses depois, em 05 de janeiro de 2004, foi feita a outra cirurgia. Fiquei 22 dias na UTI, ninguém tinha esperanças de dar certo. Nessa cirurgia foram retirados os órgãos afetados pelo “ SARCOMA “, a  bexiga total, uretra, ovários, útero, e também uma parte do intestino. Assim fiquei Colostomizada e Urostomizada.
Decidi viver... Viver melhor. Lutei contra muitas e muitas tristezas, recuperei minha vaidade, e assim consegui formar minhas duas filhas; Janaina Pedagoga e Camila Farmacêutica. Hoje estão casadas e tenho dois netinhos. Eram sonhos que mesmo depois de tantos sofrimentos eu não poderia desistir. Conheci pessoas maravilhosas, que muito me ajudaram com palavras, orações e exemplos de determinação e superação. Fui até a praia,conhecer o mar...foi muito lindo, agradeço aqueles anjos que estavam ao meu lado.

Na associação de Ostomizados fui adquirindo conhecimentos e vontade vencer, sou presidente hoje eu tenho lutado por nossos direitos, e também sempre participando de eventos, reuniões, tudo que diz respeito ao tratamento e também  à recuperação
Estou cursando SERVIÇOS SOCIAIS, e em dezembro de 2013 será minha formatura. Tenho muitos planos, para nosso futuro.Já fizemos uma palestra na minha faculdade sobre “OSTOMIA UMA QUESTÃO SOCIAL”.Tornando o assunto de interesse dos acadêmicos.
Devo tudo o que sou hoje, o que faço a “DEUS” que me deu essa nova chance de vida. Uma Ostomia que me salvou. Foi por minhas filhas,meus médicos ,amigos que venci e continuarei sempre lutando,e onde tiver um ostomizado eu irei...somos espelhos de vitoria.


terça-feira, 16 de outubro de 2012

Sorteio de materiais para ostomia pela empresa Express Medical

A pessoa ostomizada sabe a importância da utilização de produtos para ostomia de ótima qualidade. Pensando nos ostomizados, a empresa Express Medical está realizando uma pesquisa de opinião.
Você quer concorrer a cinco vale-compras no valor de R$300,00 em produtos?
Isso é muito fácil, é só você participar desta pesquisa de opinião do Express Medical até o dia 31 de outubro de 2012, quando será realizado o sorteio!
Preencha a pesquisa e boa sorte!

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Dicas que "podem ajudar" a evitar o surgimento de hérnia paraestomal


A hérnia paraestomal é a protusão de vísceras abdominais pelo trajeto do ostoma, as quais são contidas pelo tecido celular subcutâneo e pela pele, criando um abaulamento ao redor do ostoma. Ocorre mais nas colostomias do que nas ileostomias e a maioria surge nos primeiros dois anos após a cirurgia.

Os fatores que podem favorecer o aparecimento deste tipo de complicação são: fatores gerais, obesidade, aumento de pressão abdominal, envelhecimento e a vida sedentária com redução do tônus muscular.

Existem algumas dicas que "podem ajudar" a evitar o surgimento da hérnia paraestomal, pois às vezes realizamos algumas atividades diárias que podem forçar o abdômen, facilitando o aparecimento da hérnia. Como exemplo, podemos citar:

- Amarrar o sapato:
Existem duas formas corretas para amarrarmos o nosso sapato.
1- Sentando em alguma superfície como cama e cadeira, e cruzando a perna para amarrar o sapato.

2 - Ajoelhando para amarrar o sapato.

Nunca devemos amarrar o sapato da seguinte forma:

- Ao pegar objetos no chão:
 Devemos agachar:

Nunca devemos fazer da seguinte forma:

- Levantar de alguma superfície (cama, sofá...) quando se está deitado:
Devemos deitar de lado, para não forçar o abdômen, e ajudar com o braço para levantar:




Nunca devemos levantar com o abdômen pra cima, pois força e pode ajudar o aparecimento de hérnias:







terça-feira, 11 de setembro de 2012

Depoimento de Deyanira Márquez

Acompanhem o emocionante depoimento de Deyanira


Hola desde México.
Los saludo con mucho gusto de poder compartir con Claudia, Christiane y sus lectores este momento de mi vida, que aunque pudiera parecer muy oscuro, es para mí un regalo de mucha luz, pues hace 3 semanas me hicieron  resección del sigmoides y una colostomía.
Mi nombre es Deyanira y tengo 31 años de edad, un hijo de 6 años, dos bebés de 1 año y un marido muy bueno. Mi estilo de vida podría decir que era saludable, buena dieta, nadaba 3 horas  a la semana; y gracias a esto entendí que en nada somos nosotros dueños de nuestra vida, ¿por qué me pasó esto? Simplemente Dios puso esta prueba para mostrarme porqué me sostiene aquí.
Un martes tuve un dolor muy fuerte debajo del ombligo que fue aumentando y no se quitaba con nada, me vieron cinco médicos diferentes; el primero dijo que era colitis el miércoles, el jueves vi a otro y dijo que era apendicitis y me envió al hospital público para que me operaran sin costo; allá el tercero y el cuarto corroboraron apendicitis, y mientras esperaban poderme ingresar a un quirófano ya era la madrugada del viernes.  Como se fueron guiados por ese diagnóstico no me hicieron ningún estudio, ni  nada. Finalmente el quinto médico dijo que no creía que fuera el apéndice, pero que no sabía qué era, así que abriría para buscar algo.
Esa madrugada me hicieron una laparotomía. Mi mejor recuerdo es que aunque el dolor y la incertidumbre eran muy grandes, yo estaba tranquila, en paz, confiada en las manos de Dios.
La operación duró más de 6 horas y perdí mucha sangre, casi 5 litros me transfundieron. Yo estuve anestesiada por 9 horas. Cuando desperté estaba en la sala de recuperación, y no sabía qué había pasado, pero sabía que estaba viva. Toqué mi panza y sentí la bolsa pegada a mí, entonces dije: ya sé lo que me pasó. Y seguí tranquila, ansiosa por ver a mi esposo de nuevo y que viera que yo estaba bien.
Ya lo sabía porque cuando vi que mi dolor era tan fuerte, imaginé que me estaba pasando lo mismo que le pasó a mi madre 8 años atrás. Se le perforó un divertículo y le hicieron una colostomía. Yo lo comenté con los médicos pero lo descartaron porque para ellos yo era muy joven para tener eso, me dijeron que era algo que le ocurría a los adultos mayores. Pero sí, yo también tenía divertículos y la perforación en mi intestino era de 15 milímetros.
Reconozco que fui estreñida, pero por lo mismo acostumbraba el plántago y hasta el zen en por temporadas, pero no lo veía como algo grave.  Aunque nunca imaginé que me fuera a pasar a mí, no es algo que me sorprende; al contario, creo que me estuvo preparando mi Señor Jesús para enfrentarlo.
Al quinto día de la cirugía ya andaba caminando muy bien, con muchas ganas de salir a ver a mis bebés porque no permiten la entrada de niños en ese hospital, y esa tarde me dieran de alta. Llegué a casa, y entonces enfrenté los primeros momentos de absoluta tristeza, al darme cuenta de que me había llevado conmigo esa bolsa, y que yo tenía ahora que asumir todos los cuidados, la limpieza, el cambio, y creí que no podría. Lloré. Lloré incluso sobre el hombro de mi madre, cuando lo que más deseaba era que ella me viera que estaba fuerte ante la situación, pero no podía, sólo quería llorar.
La oración constante, y el amor de mi familia, la ayuda incondicional que prestaron mis amigos en todos los sentidos, es lo que me sacó adelante. Tuve días de ánimo y noches de llanto, sentía que mis fuerzas se acababan y que no  podría más, si no era la irritación de mi piel con llagas, era la bolsa que se filtraba, creía que todo estaba mal. Así fueron mis primeros 10 días por lo menos. Pero a todo fui encontrando el remedio, nada es tan grave.
En mi primer consulta de seguimiento, el médico me dijo que en 3 meses estaría lista para la cirugía de reconección, pero que el hospital no tenía espacio sino hasta marzo 2013 para operarme. Volví a caer en llanto por esa noticia, creí que era demasiado tiempo. Una amiga me presentó con otro doctor que ofreció operarme en el mes de diciembre en otro hospital, y esa es mi esperanza ahora, poder comenzar el año próximo reconectada. Ansío la operación, y mientras me adapto a mi situación como mejor puedo.
Hoy puedo decirles que no lloro más, y que me siento honrada por formar parte del grupo de gente noble que comparte su experiencia de ser ostomizado. Gracias.

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Depoimento de Andrea Silva Regio

Um emocionante depoimento de Andrea Silva Regio!


APOIO DA FAMILIA É FUNDAMENTAL

Eu, Andrea Silva Regio, 41 anos, moro em Vila Velha- ES. No ano de 2009, deixei minhas duas filhas com minha mãe e fui visitar o meu marido em Toronto, Canada!
Nos primeiros meses foi tudo maravilhoso, visitei lugares lindos, conheci pessoas boas e amigas, trabalhei bastante também! Mas, em julho/2010, num belo dia de folga, tive um sangramento quando fui ao banheiro, conversei com uma amiga enfermeira, ela me falou que não era normal perder sangue nas fezes, então, me levou ao General Toronto Hospital (Canada).
O medico pediu vários exames, e rapidamente (muito rápido mesmo), já tinha o diagnostico... eu estava com Câncer no Reto. Na hora eu literalmente perdi o chão. Foi horrível, me senti perdida, mas dentro de mim, DEUS colocou uma força enorme, tremenda, juntei todas as forças recebidas e lutei para continuar viva!!!
Passei por uma grande cirurgia, onde houve a amputação do ânus, retirada do reto, retirada de parte do Intestino Grosso e parte da vagina, saindo assim da cirurgia, com uma Colostomia definitiva. Ao acordar, passei a mão na barriga e percebi que o Junior (meu Estoma) já estava comigo, e com uma roupa que eu nunca imaginava existir...uma bolsa de Colostomia.
Fui apresentada a uma enfermeira Canadense (Joane), muito simpática e prestativa, que me acalmou e explicou melhor sobre meu novo modo de vida! Ela, enfermeira Joane, segurou em minha mão e falou:
- Não se preocupe, eu vou te ajudar, e neste dia ela me apresentou a Hollister (a melhor do mundo ), que veio a ser minha companheira, recebi em casa por todo tempo as bolsas e placas fornecidas pela Hollister, assim como todos os produtos para cuidar de minha Colostomia nessa nova jornada, não desmerecendo das outras marcas, mas realmente a Hollister foi a que mais me adaptei. Mas, quando cheguei ao Brasil, no meu estado ES, procurei o posto de arrecadação, mas não tinha a marca Hollister, ai sim, fiquei muito triste.
Começaram as buscas por outras marcas, difícil adaptação (algumas não colavam em minha pele, surgiram alergias, várias tentativas. Jamais vou deixar de agradecer aos amigos e novos amigos que fiz nessa nova jornada, todos de grande valor para mim!
Agradeço a DEUS por ter minha família, que tanto me apoia e me ama.
Hoje vivo um dia de cada vez, dentro de meus limites, claro! Ciente de que DEUS me proporcionou a alegria de continuar a viver, ser feliz e cuidar de minhas filhas.
Deus, com todo amor, carinho e compreensão, me proporcionou uma nova chance de viver, e me apego a essa chance, sabendo que posso, que sou capaz, mesmo tendo algumas limitações, uma pessoa Ostomizada pode sim, continuar a ser feliz!
Quando passamos por um serio problema de saúde ou de igual tamanho, pensamos em desistir ou que não vamos suportar tal provação, mas a bondade de Deus é tamanha, e sei que o Senhor nunca da ordens aos seus filhos, sem antes preparar um caminho pelo qual suas ordens poderão ser cumpridas. Sei que o Senhor me ama, e que Ele esta comigo em todos os momentos, e essa nova vida, eu levo com amor, perseverança e agradecimento!

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Em qual idade é mais fácil aceitar a ostomia?


Christiane e Cláudia Yamada

Muitas pessoas acreditam que só as pessoas idosas podem ficar ostomizadas, mas como a ostomia pode ter diversas causas, como por exemplo, o câncer, a doença de crohn, a retocolite, o megacólon, a polipose adenomatose familiar, a má formação congênita, acidentes, entre outros, uma pessoa de qualquer idade está sujeita a esta cirurgia.

Portanto podemos encontrar desde recém-nascido até idosos ostomizados, pensando nisso, surgiu a seguinte dúvida: Em qual idade é mais fácil aceitar a ostomia? Será que seria para a criança que desde pequena já cresceria “acostumada” com a sua condição de ostomizada, não teria passado ou não se lembraria de como é evacuar sentada no vaso sanitário? Ou para o jovem que tem mais habilidade física e conhecimento? Ou ainda para o idoso que tem muita experiência e já viveu quase tudo que tinha para viver, já aproveitou bastante a vida?

A aceitação da ostomia independe da idade, varia muito de pessoa para pessoa, do motivo pelo qual ficou ostomizada, do apoio de amigos e familiares, e muitas vezes a adaptação está relacionada com a força de vontade de cada um. Além disso, cada faixa etária tem seus prós e seus contras.

A adaptação na infância é difícil porque pode haver preconceito de familiares, das outras crianças, de professores da escola, e também muitas vezes pode existir o medo da bolsa descolar e a própria presença da bolsa pode acarretar insegurança e vergonha, o que prejudica o seu convívio com as outras crianças, fazendo com que ela deixe de brincar, passear, viajar, praticar atividade física, trocar de roupa ou tomar banho na frente de outras crianças, entre outras atividades. Além disso, muitas crianças não querem brincar com uma criança ostomizada por acharem que ela é diferente ou que podem “pegar” alguma doença, e os professores da escola tem medo de que a criança ostomizada se machuque em alguma brincadeira ou educação física.

 É muito importante que uma criança ostomizada seja tratada como uma criança normal, para que ela cresça em um ambiente saudável e tenha as mesmas oportunidades que qualquer criança da mesma faixa etária, ela não deve ser vista como uma coitadinha. É muito importante que seja explicado para ela o porquê dela estar usando uma bolsa coletora de fezes ou urina, pois muitas vezes elas se sentem diferente dos outros, tem suas dúvidas e não entendem porque precisam usar a bolsa coletora.

Na adolescência, é comum o ostomizado se revoltar, afinal é a fase dos namoros, das baladas, de viagens, dos passeios..., é o descobrimento de muitas coisas. Eles estão na “flor da idade”, e geralmente, com o uso da bolsa de ostomia, eles se sentem o patinho feio, não aceitam a sua condição de ostomizado, usam roupas inadequadas para seu tamanho com a intenção de esconder o volume da bolsa, se fecham em seu mundinho, se afastando dos amigos.

Eles acreditam que nunca irão encontrar alguém que goste dele/a, acreditam que nunca irão casar, construir uma família, ser feliz. Nesta fase, a grande preocupação é o namoro, muitos escondem a sua condição de seus namorados/as, com receio de que este/a termine a relação ao descobrir a sua verdadeira condição.

É muito importante trabalhar com o adolescente o fato de que quando ele encontrar uma pessoa que realmente a ame, ela estará ao seu lado independente de sua condição de ostomizada. O amor verdadeiro supera qualquer problema, qualquer deficiência, qualquer doença, não será por causa da ostomia que uma pessoa deixará de te amar.

Quanto as viagens e passeios, um ostomizado pode viajar para qualquer lugar ou passear como as outras pessoas, e com qualquer meio de transporte, mas é importante ter o cuidado de não esquecer de carregar sempre consigo uma bolsa com materiais e equipamentos reserva para caso ocorra algum “acidente”.

Em relação á roupa, é possível usar os mesmos modelos de roupa que você usava antes da cirurgia, basta adaptá-los!!! Aproveite e faça amizade com outros jovens ostomizados, participe de reuniões, grupos de apoio, grupos de internet.... troque ideias e experiência com seus novos amigos ostomizados! Você verá que ajudará muitas pessoas, assim como muitas pessoas te ajudarão também.

Já uma pessoa adulta, na fase mais produtiva da sua vida, tem seu emprego, sua família, e quando faz a cirurgia da ostomia muitas vezes acha que ficou inválido, se sente incapaz, infeliz..., mas calma, pare e pense, a ostomia, diferente do que você pensa, salvou a sua vida, é por causa dela que hoje você pode curtir a vida, ver seus filhos ou netos crescendo, lógico que você tem suas limitações, não pode praticar todos os tipos de atividade física (como lutas marciais, por exemplo), dependendo do seu serviço você precise mudar de função ou até mesmo se aposentar, mas a vida continua. Aproveite esta segunda chance que você teve e faça valer a pena!!!

Para um idoso a ostomia pode trazer incerteza, por causa das mudanças que ocorrem em seu corpo e das novas responsabilidades que surgem. Porém apesar da idade, o idoso é capaz de aprender a conviver com esses limites e ser ativo e participativo em sua nova condição. Muitas vezes os idosos necessitam de auxílio para manusear o equipamento e de estímulo para realizar a limpeza da pele periostomal, devido à diminuição da visão e a dificuldade com habilidades que requeiram coordenação motora. Alguns idosos, após a cirurgia da ostomia, se vêem como pessoa incapacitada e, assim, podem não se aceitar como ostomizado, pois ele muitas vezes se sente inválido e acha que não poderá participar ativamente das atividades sociais, preferindo a morte à ostomia. Por isso, precisamos mostrar ao idoso ostomizado a sua importância como cidadão, que ele pode sim ser ativo e detentor de uma grande experiência de vida, e que esta vida após a cirurgia não acaba, apenas recomeça com novos desafios.

Independente da idade em que é feita a ostomia, você precisa ter coragem para enfrentar o desconhecido e não deixar se abater, por mais difícil que seja o momento em que está vivendo. A ostomia é uma nova porta que a vida nos oferece, é a segunda chance que você está tendo para ser feliz. Depende apenas de nós para escrevermos novas páginas de alegria e felicidade. Portanto aproveite esta oportunidade e não decepcione as pessoas que lhe veem como exemplo de vida, como exemplo de superação!!!
 

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Depoimento de Viviani Gonçalves Mattos

Acompanhem o emocionante depoimento de Viviani Mattos, uma mulher linda, guerreira e vitoriosa!


Minha adorável vida de Ostomizada

Aceitação é um processo pelo qual você precisa passar. A aceitação de si mesma, das suas condições e do seu estilo de vida. As pessoas ao seu redor só precisam te amar pelo que é, e pelo o que conquista a cada dia, e isso só depende de você.

Quero contar a vocês a história de uma menina recém nascida que chegou a esse mundo com o seu destino traçado. Ela veio ao mundo para aprender a viver, e ensinar a vida àqueles que ainda não aprenderam. Essa garotinha sou eu.

Nasci em 12 de junho de 1986, com uma má formação congênita no aparelho digestivo. Aos dois dias de vida, fui submetida à cirurgia de Ileostomia, e ainda assim, desenganada pelos médicos, que disseram á minha mãe que não ficasse se apegando á mim, pois as chances de sobreviver eram quase zero, e que mesmo que eu sobrevivesse, a qualidade de vida que poderia ter seria péssima, pois além da Ostomia, minha estrutura óssea teria sido afetada, e no futuro, isso poderia me causar grandes problemas, como por exemplo, andar curvada e com dores extremas na coluna. Nesse caso, talvez morrer, fosse a melhor solução. E graças a esse "quase", estou aqui contando a minha história ao mundo.

Após 45 dias de internação, finalmente, fui pra casa. Foram necessárias apenas algumas trocas de fralda para que minha mãe percebesse que existia algo de errado comigo, me levou ao médico novamente e teve a notícia de que, além da ileostomia e da má formação na coluna, eu também sofria uma Incontinência Urinária, e usaria fraldas não só enquanto bebê, mas a minha vida inteira.

Confusa, minha mãe já não sabia mais o que fazer. Procurou por médicos, no decorrer dos meus primeiros anos, em busca de uma correção e melhoria na minha qualidade de vida, mas não obteve sucesso. Enquanto criança nada afetaria a minha vida, mas e depois de adulta? Como conseguiria enfrentar a vida nessas condições? E quanto aos preconceitos, a escola, as amizades, o trabalho, e até mesmo o namoro? Será que tudo isso seria possível? Claro que seria!

Naquela época meus pais não conheciam a bolsa de colostomia, eram necessários curativos constantes para que minha pele não sofresse com a acidez das fezes e urina. Mesmo assim, ela vivia em carne viva. Lembro-me perfeitamente de todos os acessórios e produtos que minha mãe usava a cada troca de fraldas, que ainda eram de pano. As roupas? Eram as mais confortáveis possíveis. Mas tudo muda quando crescemos, queremos andar na moda, vestir calças mais apertadas, blusinhas e etc.

Minha infância foi um pouco difícil, diante do preconceito que sofria das minhas primas, que não queriam brincar comigo por acharem que eu era diferente delas. Minhas tias brigavam com elas e diziam que não existia nada de diferente. Mas de nada adiantava, eram apenas crianças.
Quando fui pra escola agi e fui tratada como uma criança normal, claro que os professores sabiam da minha condição, mas minha mãe nunca deixou que me vissem como uma "coitadinha", pois sempre fiz tudo o que meus dois irmãos faziam. Em casa sempre fui tratada igualmente, o amor sempre foi incondicional pelos 3 filhos, e as broncas também. A ostomia nunca me impediu de aprontar.

Aos 7 anos meu pai descobriu que existia bolsa de colostomia, e que poderiam me ajudar. Eu não queria usá-las, eram estranhas, emborrachadas e ficavam presas na perna. Eu era pequena, e aquilo era enorme. Eu não queria trocar os curativos pela bolsa, como conseguiria usar shorts com aquilo? Meu pai me deu um desconto na época e continuou sua busca por algo que pudesse melhorar a minha qualidade de vida.

Aos 9 anos conhecemos a AOESP, Associação de Ostomizados do Estado de São Paulo, onde conheci a bolsa de colostomia (mais conhecia como "bolsa de caraia") mais adequada ao meu tipo de necessidade. Ela me ajudou muito e vem me ajudando até hoje, minha pele não vive mais em carne viva. E desde que comecei a usar, eu mesma faço as manutenções.

Na adolescência meus pais tiveram as mesmas preocupações que qualquer pai ou mãe teriam por seus filhos. Aos 13 anos de idade, estava na sexta série e, por descuido meu, alguns colegas de classe viram a minha fralda e começaram a zombar de mim, era final de ano e faltava pouco para acabarem as aulas, cheguei a implorar para meu pai e minha mãe que me tirassem da escola pois não queria mais estudar lá.

Terminei o ano e fui para outra escola, dessa vez na rua de casa, onde tive a chance de conhecer pessoas incríveis como a Val, minha melhor amiga. Lá, tomei muito mais cuidado com os acidentes que poderiam acontecer, não queria ter que mudar de escola novamente.

No mesmo ano comecei a sentir fortes dores na barriga, era a chegada da menstruação, e junto com ela, mais uma surpresa: Descobri que não havia passagem para saída da menstruação, e que teria que tirar o útero, lá se vai o sonho de ser mãe. ERRADO, entrei em choque no começo, mas depois passei a entender a situação, e mãe eu nunca desistiria de ser, afinal, há tantas crianças nesse mundo precisando de mãe, no tempo certo eu conhecerei a minha.

Engraçado como Deus traça o nosso destino, embora nos permita viver em condições um pouco mais difíceis, nos presenteia com anjos para caminhar ao nosso lado independente do clima que enfrentamos lá fora, e foi assim com a Val, que sempre esteve comigo nos momentos mais incríveis e mais difíceis também. Somos até hoje como metade uma da outra.

A escola acabou, e tive que aprender a enfrentar o mundo sozinha, encarar a vida, mostrar o meu verdadeiro valor, para que fosse realmente valorizada. Comecei a trabalhar e a sair a noite pra me divertir, sempre precavida de acidente com a bolsa. Frequentei festas, baladas, e em uma dessas formas de diversão, conheci outro anjo. O Tato, que logo se transformou em namorado, meu primeiro namorado.

Era uma nova vida, agora eu compartilhava a minha história com alguém que, possivelmente, viveria essa história comigo pro resto da vida. No começo tive medo de dizer a verdade sobre o que eu tinha e acabar perdendo ele, mas se fosse embora, não era o melhor pra mim. Não tive coragem de falar frente a frente e então decidi escrever, contei a minha história para que ele entendesse o que eu passei durante todos esses anos e o que eu esperava dele. Deixei-o escolher o que era melhor pra sua vida, pois só enfrentam uma vida assim, as pessoas realmente fortes. Ele foi alguém que me mostrou o quanto tenho valor, e o quanto posso ser amada.

Nossa relação foi de amor incondicional, sempre ouvia dele o quanto eu era linda e o quanto ele me amava. Isso me deixava forte para enfrentar qualquer obstáculo, pois sabia que ele sempre estaria comigo. Ele tinha um cuidado extremo comigo, uma preocupação gigante com o meu bem estar, sempre me ligava pra saber se estava tudo bem, se eu estava me cuidando e me alimentando direito, quase como um pai.

Aos 22 anos, em uma das vezes que fiquei internada por uma dor abdominal, conheci um médico Urologista chamado Flávio Haruyo Lizuka, que soube da minha história e me propôs uma correção do problema da Incontinência Urinária, onde eu deixaria de usar fraldas. Foram dias de estudo até que, finalmente, surge uma melhor maneira de corrigir. No dia 17 de setembro de 2008 fui levada ao centro cirúrgico para a correção. A cirurgia durou cerca de oito horas. Do lado de fora, minha mãe e meu namorado a espera de alguma resposta do médico em relação ao meu estado. As portas abriam e fechavam, nada de terminar a cirurgia. Ás 22 h., saí do Centro Cirúrgico e a única coisa que me lembro era da Val me dizendo "Oi maninha" e meu namorado me dizendo "Oi" também. Ele ficou o tempo inteiro ao lado da minha mãe me esperando. Entrei com esperanças de uma nova vida, e saí de lá uma nova mulher.

Ainda no hospital, no dia seguinte, não acreditava que estava sequinha, que não existia mais fralda, que eu estava bem. Ao colocar pela primeira vez uma calcinha, me emocionei, e pude ver que tudo na vida é possível, basta acreditar e querer mudar.

Saí de lá com algumas restrições de alimentos e recomendações do médico, que por teimosia, não segui nenhuma. Isso me resultou em algumas infecções e um quadro de Septcemia, (infecção muitas vezes fatal) me levando diretamente para UTI.

Meu amor pela vida sempre foi grande, e não seria agora que consegui realizar mais um sonho, que desistiria de lutar. Voltei pra casa após 6 dias de internação e passei a me cuidar mais.

Desde a adolescência, sempre gostei de me vestir bem, e com as roupas de praia não seriam diferentes. Foi quando conversando com uma de minhas primas, Vivian, soube que existiam os maiôs engana mamãe, (maiô na frente e biquíni atrás), mas eram muito difíceis de achar, as lojas que encontrei só vendiam maiôs clássicos. Foi aí que tive a ideia de desenhar meus próprios maiôs, fiz o primeiro e adorei, era azul manchado com verde e super moderno. Então comecei a desenhar vários, tive várias ideias, adaptei os mais lindos biquínis para maiôs que atendessem as minhas necessidades. Não podiam marcar, teriam que ser sempre estampados ou com um detalhe diferente na altura da barriga, para não transparecer o volume da bolsa. Foi um sucesso nas praias, várias pessoas olhavam e algumas até me perguntavam se era maiô ou biquíni.

Em 2009 comecei a faculdade de Ciências Contábeis e nunca mais reclamei da vida. Tenho orgulho de dizer que passei por tudo isso com muita fé e esperança, e hoje, o que eu quero, é mostrar á vocês o quanto a vida pode ser adorável, quem comanda ela é você. Você decide qual a cor da sua história. Eu escolhi a minha.