A confecção
de um estoma é um procedimento comum e apesar de comumente realizado, tal
procedimento é potencialmente acompanhado de complicações que na maioria das
vezes são subestimadas.
Muitas complicações estão relacionadas com a má localização do estoma, como,
por exemplo, podemos citar: dificuldade com o auto-cuidado; problema com a
adaptação do dispositivo levando à ocorrência de complicações na pele
periestoma ou no estoma, consequentes problemas de ordem emocional que, além de
traumatizar, dificultam a reabilitação das pessoas ostomizadas; ansiedade do paciente; rejeição
ao estoma; além de complicações futuras como hérnias e prolapso do estoma entre
outras. Portanto, a
confecção do estoma numa área que assegure a aderência do dispositivo e de
fácil visualização do paciente, constitui-se em uma estratégia de prevenção de
complicações importantes.
As complicações
também estão associadas a outros fatores de ordem geral, como idade avançada,
fragilidade da musculatura abdominal, aumento da pressão intra-abdominal, redução
do tônus muscular, aumento de peso no pós-operatório, estado físico
debilitado, radiação pré e pós-operatórias, entre outros. A hérnia periestomal
é uma das complicações que está relacionada à confecção de um orifício
abdominal grande ou, em caso de pacientes obesos e com mau estado geral ou,
ainda pelo aumento da pressão intra abdominal e localização do estoma em
incisão operatória anterior .
Uma grande parte de tais complicações podem ser
evitadas com o planejamento do local de confecção do estoma e com o uso de
técnica cirúrgica adequada. Principalmente nos casos de estomas definitivos,
uma maior atenção na sua confecção, que ocorre normalmente ao final do
procedimento cirúrgico, poderá proporcionar melhor qualidade de vida ao
paciente, com menores taxas de complicações.
Sendo assim, a demarcação realizada no período
pré-operatório é considerada um fator determinante para reabilitação do
ostomizado, devido à facilitação ao auto cuidado e reabilitação no processo
pós-ostomia, além de facilitar a adaptação psicológica e social do paciente.
A demarcação, por se tratar de uma técnica simples e de fácil
realização, não deveria ser negligenciada por parte dos enfermeiros e dos
cirurgiões. A responsabilidade deve ser compartilhada entre esses profissionais
e vista como um compromisso com o paciente, considerando-se que ter o estoma em
local previamente selecionado e adequadamente construído é parte integrante de
seus direitos.
A demarcação prévia do
local do estoma é um dos fatores essenciais na prevenção de complicações tanto
no estoma quanto na pele periestoma, pois um estoma
bem localizado na parede abdominal facilita as atividades de auto cuidado
referentes à remoção e à colocação da bolsa, higiene do estoma a pele
periestoma, bem como a manutenção do sistema coletor, contribuindo para
prevenir complicações, possibilitar a reintegração social precoce,
constituindo, ainda, um direito do paciente. Estudos demonstram que a
localização inadequada do estoma é mais comum em cirurgias de urgência,
denotando a importância do planejamento pré-operatório.
Uma das
principais complicações relacionadas aos estomas incluem a adaptação inadequada
da placa de ostomia, devido à má localização do estoma na parede abdominal,
situando-se próximo a depressões, pregas cutâneas, proeminências ósseas,
permitindo o vazamento do conteúdo drenado pelo estoma. Portanto, é
muito importante selecionar o local para o posicionamento do estoma para
facilitar a reabilitação da pessoa ostomizada, do aspecto físico e emocional. O
objetivo é favorecer, durante o ato cirúrgico a confecção de uma abertura
anatomicamente adequada que permita adaptação de dispositivos para a coleta dos
efluentes com o mínimo de desconforto para o paciente, pois um estoma mal
localizado tem um efeito negativo na reabilitação além de dificultar o auto
cuidado.
Para a realização adequada da demarcação deveremos considerar
alguns fatores especiais tais como: portadores de próteses, obesos (abdômen em
avental) cadeirantes e qualquer outro fator que influencie a mobilidade do
paciente. Quanto a localização, deverão ser evitados determinados locais, o
estoma deverá estar a uma distância mínima de 5 cm de proeminências ósseas, (rebordo
costal, crista ilíaca) linha da cintura, prega inguinal, dobra cutânea, incisão
cirúrgica e drenos.
Se
faz necessário que o local demarcado seja respeitado no período intra
operatório e, quando não for possível deve ser feita na área próxima do local
anteriormente previsto. Existem alguns fatores quanto a escolha do local
demarcado: localização do músculos reto abdominal (O músculo reto-abdominal é o
escolhido pelos cirurgiões para colocação dos estomas por fornecer apoio
muscular, reduzir o risco de complicações tardias relativas à prolapso e hérnia
periestomal), área de pele suficiente para instalação (aderência) do
dispositivo, manter uma distância adequada entre o local do estoma e dobras e
pregas de pele, cicatrizes umbilical, proeminência óssea das costelas e crista
ilíaca e localização que permita a boa
visualização pelo cliente.
MÉTODO
PARA MARCAR O LOCAL DA INSERÇÃO DO ESTOMA
- Verificar o tipo de estoma a ser realizado: este fator possibilita saber o segmento do intestino a ser exteriorizado para determinar o quadrante abdominal onde será localizado o estoma;
- Localizar o músculo reto abdominal;
- Escolher o local do estoma conforme os seguintes requisitos: abaixo da margem costal; planejar o local da incisão; distanciar quando possível de antigas cicatrizes, pregas cutâneas, linha da cintura, crista ilíaca e cicatriz umbilical;
- Marcar claramente o local com uma caneta dermográfica;
- Quando em dúvida - marcar duas localizações;
- Solicitar ao paciente que se sente, levante e deite para observar o local demarcado nas diferentes posições;
- Verificar a margem de fixação dos dispositivos que deve ter uma área de 4cm² a 5cm² em relação ao local demarcado;
- Quando necessários dois estomas (urostomia e colostomia, ou ileostomia), estes não devem estar localizados no mesmo nível, devido ao possível uso da cinta;
- Atentar para atividades no trabalho, lazer e prática de esportes;
- Na ileostomia em alça ou terminal, o estoma deve ser localizado no quadrante inferior direito;
- Na colostomia de cólon descendente ou sigmóide, o estoma deve ser localizado no quadrante inferior esquerdo.
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isso sempre é muito discutido em nosso grupo aqui na serra do RS... principalmente a má posição do estoma, por escolha de médicos sem a preocupação futura com os cuidados que o paciente terá que ter.. jailza martins
ResponderExcluirOi! Moro em Porto Alegre, sabe me indicar um grupo de ostomizados daqui? Obrigado
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