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sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Cuidando do “cuidador”

Christiane e Cláudia Yamada

Sempre postamos textos para o ostomizado, mas hoje viemos falar especialmente para o “cuidador”, que geralmente é um familiar ou um amigo. Falamos em cuidador, pois na maioria das vezes, uma pessoa recém-ostomizada necessita de ajuda para trocar a placa, pelo menos nos primeiros dias. Antes do cuidador se habilitar a cuidar de uma pessoa ostomizada, ele deve estar bem, não só fisicamente, como mentalmente.
O apoio familiar é um importante suporte para o recém-ostomizado. Se você não faz parte da família, mas está disposto, de alguma forma, a ajudar nos cuidados, saiba que está exercendo um papel muito importante, no caminho desta pessoa para sua reabilitação.
Neste momento, o ostomizado vivencia diversos sentimentos, pois ele se sente impotente por precisar de ajuda para trocar a bolsa (pelo menos nos primeiros dias), apresenta muitas vezes um alto grau de ansiedade e/ou irritabilidade, se sente excluído do círculo de amigos, sente vergonha do seu estado físico, entre outros.
Esta é uma fase difícil para todos, principalmente para os mais próximos, mas podemos tentar fazer com que apesar das dificuldades, seja também uma fase de aprendizado, de recomeço, de esperança...
Uma das coisas mais importantes que devemos ter, para ser um cuidador da pessoa recém-ostomizada, é a paciência. Se você não tem paciência, você precisa treinar diariamente dentro das suas possibilidades, para poder acolher as angústias do recém-ostomizado, que na maioria das vezes se sente prejudicado pela vida.
Por estar muito entristecido ou debilitado, o ostomizado pode não ter ânimo para comer, realizar cuidados básicos de higiene pessoal, passear, fazer as suas atividades cotidianas... E neste momento, é importante que o cuidador fique atento a esses sinais de entristecimento do ente querido, proporcionando-lhe um grande conforto e mostrando que ele não está sozinho.
Diante destas situações novas e adversas, os familiares e amigos mais próximos experimentam muitos sentimentos inesperados e desagradáveis também. Podem sentir tristeza e também impotência, por acreditar que sua ajuda não é suficiente para o outro e também podem começar a desenvolver certa raiva do ente querido, acreditando que ele é ingrato e não reconhece seu esforço. Além disso, assim como o recém-ostomizado, o cuidador pode ficar ansioso ou sentir-se culpado pela situação.
O esforço emocional é bastante intenso, podendo causar um grande cansaço no corpo. Muitas vezes o familiar acredita que não conseguirá lidar com as dificuldades, e acabam ficando com medo de perder o controle da situação ou com o humor entristecido.
Diante de tudo isso, o que fazer? Parar com os cuidados daquele que necessita?
Não!!! Calma. Podemos fazer muitas coisas.
Muitas vezes, realizar pequenas atividades que o ostomizado goste, pode ocupá-lo, diminuindo a sua ansiedade e a dele.  Atividades como, por exemplo, ler algo agradável, ver programas leves na TV, ouvir músicas, pequenos afazeres domésticos (se possível) como ajudar a dobrar roupas, ajudar a lavar louças, etc. Sempre dentro dos limites da dupla, familiar/amigo e ostomizado, passear em locais agradáveis e procurar os recursos sócio-culturais da sua comunidade (parques, centros de convivência, etc) e de saúde também ajudam a enfrentar estes momentos.
É extremamente importante para quem cuida, cuidar de si mesmo. Dividir seus problemas com outras pessoas, parentes ou não, pode ajudar. Nas conversas, o “cuidador” tem noção de que o mundo não está contra ele, como imaginava, observando que outras pessoas também podem estar passando por questões iguais ou piores que a sua.
Quando possível, é importante que o cuidador reveze com alguém nos cuidados, nem que seja só para tomar um ar, pois desta maneira, a sobrecarga sentida não ficará só para uma pessoa, ela será dividida para todos.
É necessário prestar a atenção em sentimentos como ”dó” e/ ou “pena” do outro. Muitas vezes sem perceber, estamos tão penalizados pelo fato, que acabamos fazendo tudo por ele e apenas por ele. Esteja atento a isso, pois agindo assim, não estamos ajudando para que a pessoa possa readquirir através do seu próprio esforço, sua autoconfiança e autoestima. De modo geral, não necessitam que façam POR ele, mas sim JUNTO a ele.
Preste a atenção: saber sobre a doença do seu ente querido é um direito e dever de quem cuida, por isso converse com o profissional responsável pelo ostomizado. Informe-se sobre a questão, isso o ajudará a ficar menos tenso e ansioso.
LEMBRE-SE SEMPRE: SOMOS SERES HUMANOS E NÃO MÁQUINAS, CUIDE-SE TAMBÉM.
É fundamental que o CUIDADOR reserve alguns momentos do seu dia para se cuidar, descansar, relaxar, realizar alguma atividade física ou de lazer como: caminhada, ginástica, tricô, crochê, pinturas, desenhos.
Existem muitas formas de incorporar a atividade física à sua vida.
Veja algumas dicas e sugestões:
1 Enquanto estiver assistindo TV:
•Movimente os dedos das mãos e dos pés para mantê-los flexíveis;
•Massageie os pés com as mãos, com rolinhos de madeira ou com bolinhas.
2 Quando for às compras, passeie pelo pátio antes de entrar na loja;
3 Ao se levantar pela manhã, alongue os músculos de todas as maneiras possíveis, espreguice todo o corpo, comece o dia bem.
4 Ao sentar-se por longos períodos de tempo, não se esqueça de reservar um tempo para intervalos de “exercícios”. Simplesmente movendo o corpo e as juntas a cada 15 minutos.
5 Incorpore os exercícios de relaxamento a seu dia. Pratique-os quando estiver perturbado, preocupado.
6 Ria várias vezes por dia. A risada é um maravilhoso exercício que envolve diversos sistemas e aparelhos do corpo.
7 A atividade física reduz seu cansaço, sua tensão, seu esgotamento físico e mental. SEMPRE QUE LEMBRAR, MEXA-SE. RELAXE.
8 Sempre que possível, aprenda uma atividade nova, leia um livro novo, aprenda mais sobre algum assunto de seu interesse, participe das atividades de lazer do seu bairro, faça novos amigos e peça ajuda quando precisar. Torne a sua vida mais leve e saudável.
9 Procure o Centro de Saúde da sua área de residência e se informe sobre as atividades corporais existentes, como caminhada, etc.
10 Rodizie os cuidados com outros membros da família (ou outro cuidador) para que você possa ter um período de férias!

Referência
http://www.spdm.org.br/site/images/stories/pdf/publicacoes/manual%20de%20cuidador%20adulto%20final.pdf

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