Gazeta do Povo publica matéria com presidente da Associação Paranaense dos Ostomizados (APO)
Luiza Helena Ferreira Silveira falou sobre a superação da ostomia a um dos maiores veículos impressos do estado do Paraná. Confira a matéria na íntegra:
Bolsas que conseguem devolver a vida
Dâmaris Thomazini
Nos tempos em que
se dedicava às atividades de artesã, com as mãos ocupadas entre as agulhas e
linhas de bordado, há 12 anos, Luiza Helena Ferreira Silveira, sabia vagamente
o que eram pessoas ostomizadas. Mas a luta contra um câncer fez com que ela se
aproximasse desta deficiência e vivesse na pele essa realidade.
Os ostomizados são
pacientes que passaram por uma cirurgia para a abertura de um orifício (ostoma)
no corpo. Esta passagem – de aparência vermelho-vivo como a mucosa da boca –
comunica o interior do organismo com o exterior para entrada de ar e de
alimentos ou para eliminação de necessidades fisiológicas.
Diagnosticada com
câncer no reto aos 44 anos e com risco de a doença se espalhar para os pulmões
e o fígado, a artesã foi amputada e perdeu o reto e o sigmóide – parte que liga
o intestino grosso ao reto. Desde então, ela passou a conviver com a condição
de colostomizada e utiliza a todo o momento uma bolsa que armazena os dejetos
do organismo.
O preconceito é o
principal problema para os ostomizados, segundo Luiza Helena. “Temos histórias
de familiares que discriminam o ostomizado. As pessoas acham que manipulamos os
próprios dejetos, o que não é verdade”, diz, lembrando que ninguém está livre
de ser portador desta deficiência.
Na época do câncer,
sua maior motivação para vencer os desafios de ser portadora de ostomia era
poder ver a chegada de seu terceiro neto. “Fiz um pacto com Deus para que Ele,
pelo menos, permitisse que eu conhecesse meu neto, nascido depois da cirurgia”,
conta Luiza, que é mãe de quatro filhos e avó de cinco netos. “Usar a bolsa
para sempre não era o que mais me preocupava: eu queria me curar do câncer e
ter chances de viver mais tempo. Nessa situação, você prefere usar uma bolsa a
morrer.”
Para viver melhor
com a ostomia, Luiza precisou alterar alguns hábitos, principalmente em sua
dieta. “Passei a consumir alimentos que prendem o intestino para não passar por
situações desagradáveis”, explica ela.
Pessoas nesta situação não têm controle sobre o esfíncter – músculo capaz de
controlar a eliminação das necessidades fisiológicas. Assim, o intestino e o
sistema urinário funcionam independentes da sua vontade.
Hoje, aos 56 anos,
ela ainda se dedica ao bordado, mas divide o tempo com as responsabilidades da
presidência da Associação Paranaense de Ostomizados (APO) – instituição que há
21 anos apoia os portadores desta deficiência. “É gratificante ajudar as
pessoas a perceberem que elas podem viver melhor mesmo com a ostomia. Esta é
uma deficiência não aparente. Se não revelarmos, ninguém sabe que somos
ostomizados”, afirma ela.
Bê-á-bá
Abertura
Estoma ou ostoma é um orifício criado por meio de uma cirurgia. Ele comunica a
parte interna do corpo com o exterior. Pode ser definitivo ou temporário. A
pessoa pode ser ostomizada devido ao câncer, inflamações, má formação dos
órgãos ou traumatismos por arma de fogo ou arma branca.
Colostomia
Comunicação do intestino grosso para eliminação das fezes.
Comunicação do intestino grosso para eliminação das fezes.
Ileostomia
Comunicação do intestino delgado para eliminação das fezes.
Comunicação do intestino delgado para eliminação das fezes.
Urostomia
Criação de trajeto alternativo para eliminação da urina.
Criação de trajeto alternativo para eliminação da urina.
Gastrostomia
Comunicação do estômago com uma sonda, que facilita a nutrição e a administração de líquidos.
Traqueostomia Comunicação do estômago com uma sonda, que facilita a nutrição e a administração de líquidos.
Abertura na traqueia para facilitar a respiração.
Para conferir a matéria no
site da Gazeta do Povo, acesse:http://www.gazetadopovo.com.br/saude/conteudo.phtml?tl=1&id=1211130&tit=Bolsas-que-conseguem-devolver-a-vida
Nenhum comentário:
Postar um comentário