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segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Câncer de intestino


Câncer de intestino
Christiane e Cláudia Yamada

Ao se analisar a distribuição proporcional da ocorrência de casos de câncer na população brasileira, observa-se que o câncer do intestino grosso (cólon, reto e ânus), encontra-se entre os dez primeiros tipos de câncer mais incidentes e trata-se do mais frequente do aparelho digestivo. Além de estar afetando uma população cada vez mais jovem.

É o terceiro tipo de câncer mais comum, após o câncer de mama e pulmão nas mulheres e do câncer de próstata e pulmão nos homens, com exce­ção do câncer de pele.

Muitas vezes o câncer de cólon e reto se desenvolve sem sintomas que possam alertar os pacientes para um tratamento precoce; e como o diagnóstico do tumor do intestino geralmente é tardio, em alguns casos só é confirmado na cirurgia. Assim mesmo, são cânceres que uma vez detectados podem apresentar um bom índice de cura.

Seus sintomas podem estar ausentes ou ainda serem interpretados como pertencentes a vários outros quadros clínicos. Alguns sintomas ou sinais que podem denunciar a presença de tumores de cólon e reto: sangramento anal, eliminação de muco junto com as fezes, modificação do ritmo de evacuações, dores localizadas nos trajetos do intestino grosso, aumentos localizados no abdome.

Todos ou alguns desses sinais ou sintomas podem estar presentes, assim como o paciente também pode ser portador de um tumor sem que algum sinal ou sintoma seja constatado. Somente à medida que o tumor progride é que os sintomas tornam-se mais frequentes.

Seria conveniente que todo indivíduo que tivesse alguma dessas queixas procurasse o profissional da saúde para esclarecer a causa.

O câncer colorretal, também chamado de carcinoma, tem origem na camada interna do intestino grosso, a camada mucosa. O processo que leva à formação de um carcinoma pode levar vários anos. Antes da transformação em carcinoma, a maioria dos tumores se origina a partir de pequenas lesões chamadas pólipos adenomatosos. Esses pólipos, apesar de benignos, são considerados precursores dos carcinomas colorretais.

Tanto os pólipos como os carcinomas em fases iniciais costumam quase não causar sintomas. Nesse sentido, o rastreamento é fundamental, já que tem como principal objetivo detectar a doença em fase inicial, muitas vezes ainda antes da completa transformação em carcinoma invasor. Com isso as chances de cura se tornam muito mais elevadas.

A colonoscopia é o principal exame para o rastreamento do câncer colorretal. Consiste no estudo endoscópico do intestino grosso, ou seja, a introdução de uma câmera flexível pelo ânus. Durante a colonoscopia é possível detectar e remover, na maioria das vezes, os pólipos intestinais e encaminhar para a biópsia. Uma das maneiras mais eficazes de se evitar o aparecimento de câncer colorretal é a remoção dos pólipos por meio da colonoscopia.

O objetivo do rastreamento não é diagnosticar mais pólipos ou mais lesões planas, mas sim, diminuir a incidência e mortalidade por câncer do intestino. O exame colonoscópico é reservado a pacientes com pesquisa de sangue oculto nas fezes positiva (e a origem do sangramento não foi detectada pelo toque retal ou retossigmoidoscopia) e para população de risco moderado ou alto de desenvolvimento para câncer do intestino.

Existe uma parte da população chamada de "população de risco"; que são os indivíduos que tem ou tiveram familiares com tumores do aparelho digestivo ou, mais exatamente, do intestino grosso. Eles têm um risco três vezes maior de apresentarem a doença, pois o câncer de intestino geralmente esta associado a condições hereditárias, como a Polipose Adenomatose Familiar.

As chamadas doenças inflamatórias intestinais são raras em suas formas mais severas, mas também apresentam um risco elevado para a ocorrência do câncer colorretal, após alguns anos de evolução da doença. Estas doenças incluem a retocolite ulcerativa inespecífica e a doença de Crohn.

Os indivíduos com história pregressa de adenomas, câncer de mama, ovário, endométrio, portadores de colite ulcerativa e doença de Chron também apresentam um grande risco de desenvolver câncer de intestino.

Entre os fatores relacionados ao desenvolvimento do câncer de intestino encontra-se, principalmente, a idade (sendo a maioria dos casos diagnosticada após os 60 anos) assim como os hábitos de vida inadequados, como: dieta baseada em consumo excessivo de carne vermelha, rica em gorduras, alimentos com aditivos, conservantes e corantes, pobre em fontes de fibras (frutas e verduras), consumo exagerado de bebidas alcoólicas, falta de exercícios físicos regulares (sedentarismo), tabagismo, obesidade, doença inflamatória crônica do intestino (colite ulcerativa ou doença de Crohn).

Ter uma dieta balanceada, rica em frutas e verduras, praticar regularmente exercícios físicos e não fumar representam medidas de grande benefício para o controle da obesidade, de doenças cardiovasculares, e também do câncer, principalmente, quando iniciadas na juventude

As recomendações atuais para o rastreamento do câncer colorretal incluem todas as pessoas acima dos 50 anos de idade, independentemente de apresentarem sintomas. No entanto, pacientes mais jovens, com histórico familiar de câncer, também devem ser avaliados, a detecção precoce deste câncer, é curado em mais de 70% quando tratado em fase inicial.

O tratamento depende principalmente do tamanho, localização e extensão do tumor e da saúde geral do paciente. Os pacientes são freqüentemente tratados por uma equipe multidisciplinar de especialistas, que poderá ser formada por um gastroenterologista, um cirurgião, um oncologista clínico e um oncologista radioterapeuta. Variados tipos de tratamentos são utilizados sendo que algumas vezes há a combinação de uma ou mais formas de tratamento.

A cirurgia é necessária em praticamente todos os casos e pode ser a única forma de tratamento, nas fases muito iniciais, porém, nem sempre é a primeira forma de tratamento. A sequência correta é baseada na localização do tumor e no estadiamento e deve ser muito bem planejada por uma equipe experiente. A cirurgia se baseia na remoção do segmento acometido do intestino grosso, com margens de segurança adequadas.

Em muitos casos de tumores do reto, pode ser necessária a realização de uma colostomia ou ileostomia. Isso significa a exteriorização (“colocar para fora”) do intestino na parede abdominal para saída de fezes. Na grande maioria das vezes, a colostomia ou a ileostomia são provisórias, mas às vezes pode ser definitiva. A necessidade desse procedimento depende de vários fatores, sendo o principal deles a proximidade do tumor em relação ao ânus.

Avanços nas técnicas cirúrgicas, assim como na radioterapia e na quimioterapia, têm permitido a ampliação das possibilidades de preservação da função evacuatória por via anal. O câncer de cólon e reto é uma das várias razões que leva a confecção de um ostoma.

Já os avanços no tratamento combinado, incluindo quimioterapia e radioterapia, permitem ampliar a indicação da abordagem curativa, mesmo em casos avançados da doença.

O cuidado no acompanhamento após o tratamento do câncer colorretal é importante para assegurar que as alterações de saúde sejam relatadas e para o diagnóstico precoce e tratamento adequado de recidivas ou novos tumores. As avaliações poderão incluir, além do exame físico: colonoscopia, raio-X de tórax, testes laboratoriais e exames radiológicos como ultra-sonografia e tomografia.

O câncer é uma doença que geralmente causa aos indivíduos várias limitações, seja pela doença ou pelo tratamento. Essas limitações associadas à idade podem atingir proporções difíceis de serem contornadas, gerando muitas vezes incapacidade com um grau de dependência total.

O suporte emocional é extremamente importante para promover melhor qualidade de vida dos doentes.

No Brasil, com o aumento da expectativa de vida da população, as neoplasias vêm ganhando cada vez mais importância no perfil de morbidade e mortalidade.

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