Entrei por outro caminho e não deixarei por outras razões...
Se me calo é porque não tenho
nada a contribuir com minhas palavras, outros já o disseram, no entanto as minhas
ninguém poderá repeti-las. Em dezembro de 2008 começaram as dores que nunca
tinha experimentando, me calei, outros perceberam e fui descobrir o que era na
brincadeira disse: bom se querem que eu vá, irei, mas se preparem com os
horários para me levarem a quimio e dava risada e eles me xingavam.
Na consulta o médico disse que o
remédio diminuiria a dor, mas que em 15 dias queria a endoscopia. Eu marquei,
fiz e não fui pegar o resultado. A secretária do médico me ligou e disse que
estavam a minha procura! Então, fui pegar o resultado e a biópsia mostrou que o
tumor poderia ser benigno ou maligno! E mesmo que fosse benigno teria que
operar logo para não piorar. Concordei e pensei em operar em dezembro, mas o
médico pediu para que eu fosse ao consultório da médica, pois já haviam
conversado e marcado a minha cirurgia para o dia 4 de março de 2009.
Cheguei dando risada, levo a vida
assim, sou escrachada. A médica disse que tiraria todo meu estômago, eu fiquei
paralisada e então ela me perguntou: não vai rir agora? É brincadeira né? Não,
o estomago é uma bolsa e o tumor está na cárdia, terei que reconstruir o que
sobrar, mas se perceber fístula ou complexidade retirarei todo estomago.
Foram 11 dias de hospital, a
reconstrução foi um sucesso, o tumor era benigno e 9 kg ficaram no hospital, na
minha primeira alta. O ano de 2009 foi conturbado, sem a cárdia comecei a ter
refluxos constantes. Os remédios não aliviaram ou diminuíram o refluxo gástrico
e a recomendação foi uma nova cirurgia para criar uma falsa válvula para o
refluxo usando o estomago restante.
Em março de 2010, fiz uma nova
cirurgia, bem complexa e quase não foi possível à volta no esôfago. Retornei
para casa em 3 dias, naquela noite não dormi e tomei diversos remédios para
dores. Na manhã seguinte estava saindo muito líquido do abdômen e sentindo falta
de ar, voltei ao hospital e dei entrada na emergência com a pressão 2x4, tive
que ser reanimada até chegar novamente ao bloco cirúrgico.
Depois de 1,5 mês em coma, comecei
a acordar, estava amarrada e tentei arrancar o tubo de oxigênio. 15 dias após a traqueostomia, ainda em coma já
começaram a me administrar medicamentos para depressão, esperando a minha
reação para quando viessem as novas notícias. Não pude falar e finalmente
estava calada, fiquei com a traqueostomia por 4 meses. Meu abdome ficou aberto,
não havia cicatrização, e tive diversas contaminações.
Ao todo foram 6 meses de
hospitalização, e uma vez durante o
banho, soltou o dreno do abdômen, e novamente tive que voltar ao bloco
cirúrgico.
Retornei ao quarto, na madrugada o
líquido nos drenos estavam com a coloração marrom, e corpo de enfermagem entrou
em contato, com urgência, com o responsável. Meu intestino estava rompido! O
médico chegou ao hospital as 2h30 e marcou a cirurgia para a manhã do dia
seguinte. Como o Intestino estava rompido foi confeccionada uma bolsa de
colostomia, o meu organismo estava todo fragilizado.
Com 5 meses de hospitalização, muitas
mudanças, mas não melhora, optaram por uma cirurgia de risco. Iniciaram
limpando o abdome e depois iniciaram outra cirurgia: através das costelas desviaram
o pulmão e uniram o esôfago e o intestino.
Foram vários pontos, muitas
dores, muitos momentos...Estou viva, feliz e com uma colostomia de transição,
15 cm de intestino grosso, não se estuda possibilidade de reversão.
Não é possível colocar em
palavras o que se passou com a carne, continuo sendo escrachada, dando risada,
principalmente quando achamos que dominamos a bolsa, descubro que ela tem vida
própria, risos.
Um depoimento é sempre único e a
sua interpretação também, no passado achava isso necessário hoje prefiro
contribuir, não sou nada mais ou menos que qualquer um, apenas tenho minhas
especificidades. Uma linda filha
“Prader-Willi” que passou 6 meses, tarde e noite me visitando, que no primeiro
dia de alta já estava com a mala pronta para voltar para casa comigo e o
exército da família e amigos prontos para me ajudar na recuperação.
Quanto feliz é aquele que senta
no vaso para fazer xixi e levanta sem ajuda, feliz daquele que pode tomar banho
quente sozinho e se secar, banho de leito é o Hooooooooooooô, risos.
Sentem ao sol, deixem a brisa
bater, respire e seja você.
Jailza do Santos
Martins 03.11.1973 – Farroupilha RS
Jailza Martins -
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Nossa...chorei agora, mais passei por tantas coisas tbem...Vc é uma pessoa iluminada, e vencedora, cheia de fé...por que é isso q nos mantem vivas...a fé...historia linda a sua...de grnade ajuda, p as pessoas q estao passando por momentos ruins...tudo passa...tudo passa nessa vida....beijos....
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ResponderExcluirContinue sempre assim... escrachada!
É assim que vamos nos fortalecendo e superando à cada dia.
Deus te abençoe.
Beijos.
Rita
Imagino sofrendo muito isso aí agora auto-estima alta é importante olha pela frente não para atrás. Parabéns! Jaque
ResponderExcluirAeee Profee! Sucesso sempre! Vc é guerreira e merece tudo de bom que tem por vim pela frente! Pensa sempre que Deus sab o que faz! Tenho orgulho de er sua aluna! Belo exemplo de pessoa e de profissional!
ResponderExcluirBeijaao da Cleo
Obrigada pessoas queridas, mas nada é nos dado se não possamos suportar, a maneira mais fácil para mim foi fazendo piadas, rindo quando me acham linda e não sabem o que encontrarão em baixo da roupa hehehe... a depressão não me ajudaria a ser melhor, então vamos rir, uhuuuu
ResponderExcluirPode, depois de tudo isso:
ResponderExcluirMAIS LINDA DO QUE NUNCA,
MAIS FERA DO QUE SEMPRE,
ESCRACHADA TUA MARCA.
FIGURA VOCÊ
Jaílza, nunca me esquecerei de ti!
ResponderExcluirTu és muito especial!
Saudades!
Hárrisson
Nossa profe, tantos anos sem te ver, não imaginava que tudo isso tinha acontecido com vc....Sem dúvidas vc é uma guerreira, e como diz minha mãe deus só nos da a cruz que podemos carregar!!! Te desejo toda melhora do mundo, mta paz e saúde, a partir de hoje te admiro ainda mais. Um Super abraço!!! Ah!! Fui sua aluna de Artes na Escola José Fanton.
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