E-mail: ostomiasemfronteiras@yahoo.com.br

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Depoimento de Mayra Oliveira

Acompanhe a história de Mayra Oliveira...

Oi, meu nome é Mayra, tenho 22 anos e gostaria de compartilhar minha história de vida, perante a enfermidade, aqui com vocês. Eu Nasci na Bahia e morei um bom tempo em Pernambuco, atualmente moro no Rio Grande do Norte. No primeiro semestre do ano de 2006, quando eu tinha 16 anos e estava no terceiro ano do segundo grau, comecei a ter diarreias constantes. Sempre tive notas boas, mas naquele ano me desgastei muito, não tive um bom rendimento escolar, nunca tinha ficado de recuperação, e fiquei em matemática... Foi um horror, será que você é capaz de imaginar essa situação? 
Sintomas: diarreia, dor abdominal, sangramento, crises chamadas de choque pirogênico, (de repente sentia um frio muito grande, começava a tremer de frio, as unhas ficavam roxas), muita queda de cabelo, fraqueza... Eu procurava os médicos e eles diziam que era verme, davam remédio pra verme e nada de melhorar. Um dia eu tive uma dor muito forte e em seguida uma grande quantidade de sangue... Até que certo dia eu desmaiei de dor... Resolvi procurar um gastroenterologista, e em 14-04-2007 com um exame chamado colonoscopia (com biópsia) foi diagnosticado colite crônica agudizada (Inflamação no intestino grosso e reto). E eu - "Meu Deus o que significa isso?" Comecei um tratamento com mesacol, mas parecia que o medicamento não fazia efeito. Nesse período eu emagreci 15 quilos, eu pesava 50 e passei a pesar 35.
Dois meses depois comecei a sentir muita dor no abdome no lado direito, uma dor tão insuportável que refletia na perna (direita), 2 dias e 1 noite com essa dor, era "apendicite". Cirurgia no dia 12-06-2007, momentos antes de entrar no centro cirúrgico comecei a me tremer de frio, e ouvi o médico falar que era choque pirogênico, foi colocado dipirona no meu soro e fiquei em repouso. Quando acordei foi um alívio! A recuperação foi ótima, e apesar do "corte" ser bem pequeno, o apêndice estava quase estrangulando...
15-09-2007 Retossigmoidoscopia (com biópsia), conclusão: Retocolite ulcerativa idiopática (RCUI), em atividade.
30-04-2008 Colonoscopia (com biópsia), conclusão: Retocolite ulcerativa idiopática em fase ativa.
28-08-2008 Trânsito intestinal: Ausência de dilatações ou estenoses segmentares de alças intestinais delgadas.
09-06-2009 Retossigmoidoscopia (com biópsia), conclusão: Colite crônica agudizada.
24-03-2010 Colonoscopia (com biópsia), conclusão: Colite crônica difusa em atividade.
07-05-2012 Ileoscopia (com biópsia), conclusão: Ileíte crônica e aguda erosiva moderada com granulomas histiocíticos.
Nesse período de constantes exames, eu usei vários tipos de medicamentos, Mesacol, Mesalazina, Azatioprina, Infliximab, mas nenhum fez efeito... Foi aí que o médico disse que eu tinha que fazer a cirurgia de ostomia, meu mundo desabou naquela hora, e eu só queria sair dali e chorar... Ele me passou corticoide e disse que não era para usar muito tempo que poderia levar a diversos problemas de saúde.
Comecei a pesquisar na internet sobre a cirurgia, eu não queria fazer de jeito nenhum! Por causa do corticoide, aqueles sintomas estavam desaparecendo, eu estava ficando forte de novo, a diarreia acabou, voltei a comer o que nutricionistas tinham me restringido, recuperei meu peso, meu cabelo e pensei: - " olha! esse remédio me fez ficar boa!". Eu retornei na consulta e o médico falou para ir diminuindo a dose do corticoide para retirar de vez o medicamento, mas quando a dose ficava mínima os sintomas voltavam... E ele me falou de novo: - "Mayra, a única forma agora é fazer a cirurgia". Mas eu não queria fazer de jeito nenhum, eu estava bem!!! Fiquei com corticoide durante 2 anos (nossa!).
Tentei diminuir o corticoide de novo, acho que pela quarta vez, e os sintomas voltaram, resolvi fazer a cirurgia, eu não podia mais tomar aquele corticoide, já fazia 2 anos...
21-03-2011 foi a data da cirurgia, curiosa pra ver como ficou meu abdome, confesso que o que mais me assustou foi o tamanho do corte em minha barriga e todos aqueles pontos, e não o estoma. Nossa! achei o máximo aquele “negocinho” vermelho na minha barriga kkkkkk. E tinha uma bolsinha colada na minha pele para coletar as fezes líquidas que saíam daquele estoma (interessantíssimo). Minha cirurgia foi uma proctocolectomia total com bolsa ileal em "J" - retirada de todo intestino grosso e reto, e no final do delgado confeccionada a bolsa ileal. 
Nos primeiros 15 dias meu organismo foi evoluindo bem, tive até alta. Mas não durou 3 dias. Eu tinha emagrecido bastante e foi aí que eu descobrir que eu não estava gorda e sim inchada por causa do corticoide. Dei entrada de novo no hospital com dor abdominal, vômitos e febre. Fiz uma tomografia e mostrou coleção abdominal, realizada drenagem e persistência da coleção, consequentemente derrame pleural, mais uma drenagem e a coleção persistia. Fiz mais duas tomografias e a coleção continuava persistindo, foi aí que os médicos resolveram reabrir a cirurgia para fazer a lavagem da cavidade abdominal. Enfim... fiquei internada durante 2 meses e parecia que aquela situação não tinha mais fim. Meu cabelo começou a cair de novo...
Quando acordei daquela segunda cirurgia eu estava completamente inchada, fiquei sabendo que eu estava desnutrida e aquela cirurgia não foi numa boa hora (retenção de líquido), eu estava tão, mais tão inchada que eu não conseguia me levantar no primeiro dia, minhas roupas não cabiam, eu usei as roupas do hospital nos primeiros 6 dias. Nossa! Quantos quilos será que eu estou pesando? E aos poucos eu ia me levantando e fiz muito, mais muito xixi, foi assim que comecei a voltar ao normal. Tive alta com 10 dias, ainda inchada, mas em casa eu fui melhorando... 
ADAPTAÇÃO: Minha adaptação demorou muito, foram 5 meses. Eu sentia dor, muitos gases, as fezes eram liquidas e ácidas, feriam minha pele, que ficava em carne viva. As bolsinhas não duravam 3 dias. Do quinto para o sexto mês eu tive uma boa melhora, não sentia mais dor alguma, às vezes as fezes ficavam consistentes, já comia de tudo e principalmente "muito". Mantive-me nos 40 quilos. Não sei por que mas os médicos resolveram que seria melhor fazer a reversão, bom... fiz, no dia 04-09-2011. Mais uma adaptação difícil... 6 meses depois da cirurgia a cicatriz da reversão criou abscesso de parede abdominal, isso mesmo, 6 meses depois da reversão, na cicatriz... Também fiz uma limpeza de abscesso. Dois meses depois da limpeza ainda tenho problemas com ela, demorou muito para fechar, saía muita secreção purulenta. Ainda tenho diarreias e agora os médicos estão suspeitando de doença de crhon. Mas como assim doença de crhon? Doença de crohn? Nossa!
Se for mesmo doença de crhon, será que adquiri depois da cirurgia? Se for mesmo doença de crohn será que tinha desde o princípio? Farei um exame chamado Enterografia por ressonância magnética pra saber se estou mesmo com essa tal doença de crhon.
Vamos aguardar os próximos capítulos dessa história.
Vou em frente, coloco uma maquiagem e um sorriso no rosto. Deus resolveu reformar o meu mundo, e eu só tenho que agradecer. Percebi que cresci muito nos últimos tempos, e passei a ter uma visão ampla do mundo e ao meu redor. Agora é levantar a cabeça e ser forte.

3 comentários: