E-mail: ostomiasemfronteiras@yahoo.com.br

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Algumas dicas que podem ajudar durante a fase de adaptação após reversão da ostomia

Christiane e Cláudia Yamada

Quando uma pessoa fica ostomizada e se não for definitivo, um dos maiores desejos é realizar a reversão. A pessoa não vê a hora de tirar a bolsa e voltar a usar o banheiro normalmente. Porém, alguns ostomizados que podem fazer a reconstrução do trânsito intestinal têm muito receio de realizá-la por causa da fase de adaptação (diarreias, assaduras...), mas isto vai depender muito da reação de cada organismo e também da alimentação. Existem pessoas que fazem a reversão e se adaptam rapidamente, existem aquelas que demoram um tempo para se adaptar e existem aquelas que fazem a reversão e depois precisam voltar a usar a bolsa, pois o organismo não se adaptou.

Aqui no nosso blog nós já publicamos uma postagem sobre a reversão de ostomia, falando sobre: adaptação, complicações, riscos, alimentação, aval do médico... Para ler este artigo acesse o link:

Hoje falaremos especificamente sobre algumas dificuldades que uma pessoa pode ter durante a fase de adaptação e algumas dicas que podem ajudar a diminuir ou evitar essas complicações.

As principais dificuldades que podem ocorrer após a reconstrução do trânsito intestinal, são:
- incontinência (diarreia);
- necessidade de uso de fraldas;
- flatulência;
- assaduras.

Algumas dicas que podem ajudar a diminuir essas complicações são:
- tomar cuidado com a alimentação, evitando alimentos flatulentos e que podem soltar o intestino (fruta com casca e bagaço, verduras cruas, doces, frituras; leite integral...), pelo menos no início. Depois que o seu organismo se adaptar inclua novamente estes alimentos à sua dieta, porém em pequena quantidade e um de cada vez, para saber como seu organismo irá reagir;
- sempre que possível, se lavar com água e sabonete todas as vezes que evacuar, pois as fezes líquidas e frequentes podem causar assadura e se o papel higiênico não for macio poderá machucar;
- quando não for possível se lavar, limpe bem com papel higiênico macio e use um lenço umedecido;
- carregue sempre um pouco de papel higiênico com você, pois geralmente nos lugares públicos os papéis higiênicos são mais ásperos;
- se for criança, é muito importante não deixá-la com a fralda suja, e toda vez que for trocá-la, lavar o bumbum com sabonete e água morna, secar bem e depois passar pomada para evitar as assaduras;


É muito importante ressaltar que somente o médico proctologista poderá avaliar se é possível realizar ou não a reconstrução do trânsito intestinal depois de analisar os exames pré-operatórios.

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Depoimento de Gizela Lucy

Acompanhem o emocionante depoimento de Gizela Lucy.

Da “lagartinha” à “borboleta”.

Há mais ou menos 5 anos fui diagnosticada com endometriose profunda, uma doença que atinge mulheres e que causa dores intensas durante o período menstrual, além de ser causa de infertilidade. Mas a saga começou bem antes, em 1997, em razão de um cisto no ovário fiz minha primeira cirurgia, onde retirei meu ovário direito. Já em 2009, foi diagnosticado um outro cisto no ovário esquerdo, o que me levou a outra cirurgia, retirando parte do meu único ovário. Durante a cirurgia, o médico observou alguns focos de endometriose, dizendo depois que havia tratado. 
A partir daí, as dores só foram aumentando e a vontade de ser mãe também. Em 2012 encontrei um médico abençoado, Dr Frederico José, especialista em endometriose e fertilização, que através de muitos exames viu que a doença estava em alto grau e que não havia sido tratada. Por este motivo, no dia 20 de outubro de 2012 me submeti a nova cirurgia, levando quase 7 horas, ocasião em que se constatou várias aderências entre os órgãos por conta da endometriose, especialmente no intestino, bexiga, apêndice, ovário e no reto. Ao acordar da anestesia, pronto, lá estava eu com a bolsinha de ileostomia, o que eu já tinha ouvido falar, mas no fundo não sabia o que era.
Daquele momento em diante, tive uma recuperação lenta e dolorosa. Emagreci bastante com a internação, mas fui me recuperando. Quanto à gravidez, meu médico foi realista e disse que com a extensão da doença seria muito difícil engravidar, então, orientou que logo após a reversão, já tentássemos a fertilização in vitro.
A reversão foi marcada pra três meses depois e quando fui fazer os exames pré-operatórios, descobri que estava grávida. Os médicos não acreditaram, ficaram surpresos com a notícia, mas sim, eu já estava com 6 semanas. Foi maravilhoso em um primeiro momento, depois a convivência com a bolsinha me levou a ficar triste e deprimida, além de culpada, pois eu deveria estar plenamente feliz.


Fui ao meu proctologista, o segundo médico anjo, Dr. Rômulo, e ele deu todas as possibilidades do que poderia acontecer durante a gestação, desde dores abdominais, pois haveria mais compressão do intestino com o crescimento da barriga, até um possível parto prematuro, mas nada disso aconteceu, somente alguns desconfortos intestinais e um ligeiro aumento do estoma. Fora isso, o psicológico foi um fator que eu tive que trabalhar com a minha fé, sendo grata e curtindo cada minuto da gestação. 
Não posso esquecer de citar o fato que foi crucial em decidir pela tristeza ou pela felicidade, meu marido. Ele é meu alicerce, meu chão. Ele usa a parte do adesivo que corto da placa da bolsa e cola no mesmo lugar e diz que é a bolsinha dele. A partir deste gesto, tudo ficou menos pesado pra mim. E para descontrair, apelidamos o estoma de “lagartinha”, rsssss.


Com o turbilhão de emoções de uma gravidez, somado ao fato de ter de lidar com a “lagartinha”, tive de procurar ajuda psicológica, algo que me despertou ainda mais os sentidos para o prazer de estar grávida e curtir aquele sonho. Também fiz yoga, tirei fotos, exigi prioridade nas filas, aproveitei mesmo rsssss. E no dia 02 de setembro de 2013 nasceu minha luz, Maria Luíza. Minha vida é plena hoje por tê-la em nossas vidas, passaria por tudo novamente. Malu é a certeza do milagre, do plano de Deus em nossas vidas e que na dor, Deus nos carrega no colo, como filhos amados que somos.


Em março deste ano, farei a minha reversão da ileostomia. Malu já estará com seis meses. Sei que ficarei longe dela alguns dias, mas será para confirmar nossa vitória.  
Aquelas que sonham com a maternidade, eu digo: com Deus, podemos tudo! Ser grávida e ostomizada não é fácil, é uma luta diária, mas tudo vale a pena, pois foi através da “lagartinha” que Deus me deu a “borboletinha”, minha pequena Malu. Por isso, acreditem, busquem uma segunda opinião e creiam no impossível, sejam ousadas na fé, é isso que Deus espera de nós. Mil beijos, para meus eternos amigos e amigas de caminhada.
Gizela Lucy.