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sexta-feira, 23 de março de 2012

O paciente ostomizado e o autocuidado


Christiane a Cláudia Yamada

O acompanhamento do paciente portador de uma ostomia intestinal deve ser realizado por uma enfermeira estomaterapeuta ou uma enfermeira treinada e qualificada, devendo este trabalho ser realizado de forma interdisciplinar.

O tempo ideal para a primeira consulta no ambulatório ou em casa, é no período máximo de 15 dias após a alta hospitalar, pois se presume que, neste espaço de tempo, a convivência com a ostomia pode tornar o ostomizado e/ou membro familiar que o assiste mais sensível, facilitando assim a identificação e o relato das dificuldades encontradas no desempenho das atividades de autocuidado.

A assistência de enfermagem prestada neste período deve estar embasada nos seguintes itens: na revisão e reforço das orientações relativas ao autocuidado; na remoção do sistema coletor; na reformulação das orientações dadas quanta à ansiedade e nível de entendimento do paciente e familiar; no encaminhamento do paciente a outros profissionais da equipe; no estímulo desses pacientes para o retorno as suas atividades diárias; no esclarecimento quanto à existência de métodos alternativos para o controle das eliminações intestinais; e no acompanhamento e reavaliações periódicas com visitas a detecção de complicações ocorridas nesta fase.

As ações específicas do auto cuidado do paciente ostomizado são baseadas em três fatores: a higiene do ostoma e pele periestoma, à observação do ostoma e pele periestoma e os cuidados com o sistema coletor.

A higiene do ostoma e da pele deve ser realizada, cuidadosamente, com água morna e sabonete de uso habitual do ostomizado, utilizando-se pedaços de tecido de algodão limpo, macio e úmido, sem esfregar, tendo o cuidado de remover os resíduos de fezes tanto da pele quanto da borda do ostoma. Não se deve usar esponjas ásperas!

Após a limpeza deve-se enxaguar abundantemente o local, para a remoção de resíduos de sabonete, cuja permanência deste ou de produtos utilizados na limpeza da pele contribui para ocorrência de dermatite química ou de contato. E resíduos de sabonete também prejudicam a aderência do sistema coletor na pele.

Após a limpeza e o enxágüe, deve-se secar bem a pele, pois a umidade excessiva interfere na aderência do sistema coletor e favorece a maceração da pele.
Algumas pessoas podem apresentar pêlos nesta área, e estes não devem ser removidos com lâminas, mas sim aparados bem curtos com uma tesoura de ponta curva, deixando-os rente à parede do abdômen.

A presença de pêlos nesta área de pele, além de interferir na aderência do sistema coletor, é um fator que contribui para o aumento do potencial para foliculite ou inflamação do folículo piloso, que tem uma das causas o trauma causado durante a retirada da bolsa ou mesmo dos pêlos.

Não utilize substâncias agressivas à pele, como álcool, benzina, colônias, tintura de benjoim, mercúrio, merthiolate, pomadas e cremes. Estes produtos podem ressecar a pele, ferindo-a e causando reações alérgicas.

No que se refere à pele periestoma, o paciente deve ser orientado quanto às características normais a serem observadas no ostoma e pele periestomal, tais como coloração (a cor deve ser vermelho-vivo ou rósea), forma regular, tamanho (obtido através do uso de guia de mensuração), protusão, umidade (pela produção de muco pela alça intestinal).
A manutenção da integridade da pele é de suma importância como fator de reabilitação, e pode ser alcançada por intermédio de condições adequadas de higiene e do uso do sistema coletor apropriado.
Quanto aos cuidados com o sistema coletor basicamente se refere à remoção e a troca do dispositivo, bem como à higiene e ao esvaziamento do mesmo.

A troca do dispositivo deve ser inicialmente, efetuada quando se observar que ocorreu a saturação da barreira de pele e antes de haver extravasamento do efluente.

A coloração da placa protetora (resina sintética), geralmente é amarela. Deve-se trocar o dispositivo quando ela estiver ficando branca (chamamos de saturação). A partir daí há risco de descolamento da placa e vazamento do conteúdo.

A troca deve ser feita preferencialmente na hora do banho, pois é mais fácil para se descolar o adesivo. Retire delicadamente a bolsa para não traumatizar a pele. Use gaze ou algodão embebido em água morna, pois facilita a retirada da bolsa. Embaixo do chuveiro, procure soltar a placa, suavemente pressionando a pele e ao mesmo tempo soltando o adesivo.
A remoção do sistema coletor deve ser realizada com movimentos delicados, iniciando pelo deslocamento do adesivo microporoso a partir da lingüeta lateral.

Após o banho, depois de secar o corpo, procure secar bem a pele periestomal.

Para colocar o sistema coletor, retire o papel que protege a resina e segure-o com as duas mãos. O osotmizado deve estar em uma posição confortável e com a observação facilitada do ostoma. Procure posicionar o estoma em frente ao espelho, procurando esticar o corpo durante a colocação.

Adapte a placa de baixo para cima, parte por parte, procurando encaixá-la no estoma, do centro para a extremidade.

Procure não deixar pregas ou bolhas de ar no adesivo, durante a sua aplicação, pois elas facilitam os vazamentos e acabam fazendo com que o dispositivo descole.
Certifique-se de que a placa esteja bem adaptada à pele.

Encaixe a bolsa coletora na placa.

Se você utiliza o cinto, coloque-o após todos estes passos.

Os pacientes idosos geralmente necessitam de auxílio para manusear o equipamento e de estimulo para realizar a limpeza da pele periostomal. Devido o grau de diminuição da visão e dificuldade auditiva, bem como dificuldade com habilidades que requeiram coordenação motora.

Os idosos levam em média 6 meses para sentirem-se confortáveis com o cuidado da ostomia.

Para seu conforto e segurança, sempre que sair de casa leve com você um kit contendo bolsas de reserva, toalha de mão, sabonete neutro, um recipiente contendo água limpa e um saco plástico.

A durabilidade da bolsa será maior, se for esvaziada sempre que o conteúdo atingir um terço ou, no máximo, a metade de sua capacidade.

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