Christiane a Cláudia Yamada
O
acompanhamento do paciente portador de uma ostomia intestinal deve ser
realizado por uma enfermeira estomaterapeuta ou uma enfermeira treinada e
qualificada, devendo este trabalho ser realizado de forma interdisciplinar.
O
tempo ideal para a primeira consulta no ambulatório ou em casa, é no período
máximo de 15 dias após a alta hospitalar, pois se presume que, neste espaço de
tempo, a convivência com a ostomia pode tornar o ostomizado e/ou membro
familiar que o assiste mais sensível, facilitando assim a identificação e o
relato das dificuldades encontradas no desempenho das atividades de
autocuidado.
A
assistência de enfermagem prestada neste período deve estar embasada nos
seguintes itens: na revisão e reforço das orientações relativas ao autocuidado;
na remoção do sistema coletor; na reformulação das orientações dadas quanta à
ansiedade e nível de entendimento do paciente e familiar; no encaminhamento do
paciente a outros profissionais da equipe; no estímulo desses pacientes para o
retorno as suas atividades diárias; no esclarecimento quanto à existência de
métodos alternativos para o controle das eliminações intestinais; e no
acompanhamento e reavaliações periódicas com visitas a detecção de complicações
ocorridas nesta fase.
As
ações específicas do auto cuidado do paciente ostomizado são baseadas em três
fatores: a higiene do ostoma e pele periestoma, à observação do ostoma e pele
periestoma e os cuidados com o sistema coletor.
A
higiene do ostoma e da pele deve ser realizada, cuidadosamente, com água morna
e sabonete de uso habitual do ostomizado, utilizando-se pedaços de tecido de
algodão limpo, macio e úmido, sem esfregar, tendo o cuidado de remover os
resíduos de fezes tanto da pele quanto da borda do ostoma. Não se deve usar
esponjas ásperas!
Após
a limpeza deve-se enxaguar abundantemente o local, para a remoção de resíduos
de sabonete, cuja permanência deste ou de produtos utilizados na limpeza da
pele contribui para ocorrência de dermatite química ou de contato. E resíduos
de sabonete também prejudicam a aderência do sistema coletor na pele.
Após
a limpeza e o enxágüe, deve-se secar bem a pele, pois a umidade excessiva
interfere na aderência do sistema coletor e favorece a maceração da pele.
Algumas
pessoas podem apresentar pêlos nesta área, e estes não devem ser removidos com
lâminas, mas sim aparados bem curtos com uma tesoura de ponta curva,
deixando-os rente à parede do abdômen.
A
presença de pêlos nesta área de pele, além de interferir na aderência do
sistema coletor, é um fator que contribui para o aumento do potencial para
foliculite ou inflamação do folículo piloso, que tem uma das causas o trauma
causado durante a retirada da bolsa ou mesmo dos pêlos.
Não
utilize substâncias agressivas à pele, como álcool, benzina, colônias, tintura
de benjoim, mercúrio, merthiolate, pomadas e cremes. Estes produtos podem
ressecar a pele, ferindo-a e causando reações alérgicas.
No
que se refere à pele periestoma, o paciente deve ser orientado quanto às
características normais a serem observadas no ostoma e pele periestomal, tais
como coloração (a cor deve ser vermelho-vivo ou rósea), forma regular, tamanho
(obtido através do uso de guia de mensuração), protusão, umidade (pela produção
de muco pela alça intestinal).
A
manutenção da integridade da pele é de suma importância como fator de
reabilitação, e pode ser alcançada por intermédio de condições adequadas de
higiene e do uso do sistema coletor apropriado.
Quanto
aos cuidados com o sistema coletor basicamente se refere à remoção e a troca do
dispositivo, bem como à higiene e ao esvaziamento do mesmo.
A
troca do dispositivo deve ser inicialmente, efetuada quando se observar que
ocorreu a saturação da barreira de pele e antes de haver extravasamento do
efluente.
A
coloração da placa protetora (resina sintética), geralmente é amarela. Deve-se
trocar o dispositivo quando ela estiver ficando branca (chamamos de saturação).
A partir daí há risco de descolamento da placa e vazamento do conteúdo.
A
troca deve ser feita preferencialmente na hora do banho, pois é mais fácil para
se descolar o adesivo. Retire
delicadamente a bolsa para não traumatizar a pele. Use gaze ou algodão embebido
em água morna, pois facilita a retirada da bolsa. Embaixo do chuveiro, procure
soltar a placa, suavemente pressionando a pele e ao mesmo tempo soltando o
adesivo.
A
remoção do sistema coletor deve ser realizada com movimentos delicados,
iniciando pelo deslocamento do adesivo microporoso a partir da lingüeta lateral.
Após
o banho, depois de secar o corpo, procure secar bem a pele periestomal.
Para
colocar o sistema coletor, retire o papel que protege a resina e segure-o com
as duas mãos. O osotmizado deve estar em uma posição confortável e com a
observação facilitada do ostoma. Procure posicionar o estoma em frente ao espelho,
procurando esticar o corpo durante a colocação.
Adapte
a placa de baixo para cima, parte por parte, procurando encaixá-la no estoma,
do centro para a extremidade.
Procure
não deixar pregas ou bolhas de ar no adesivo, durante a sua aplicação, pois
elas facilitam os vazamentos e acabam fazendo com que o dispositivo descole.
Certifique-se
de que a placa esteja bem adaptada à pele.
Encaixe
a bolsa coletora na placa.
Se
você utiliza o cinto, coloque-o após todos estes passos.
Os
pacientes idosos geralmente necessitam de auxílio para manusear o equipamento e
de estimulo para realizar a limpeza da pele periostomal. Devido o grau de
diminuição da visão e dificuldade auditiva, bem como dificuldade com habilidades
que requeiram coordenação motora.
Os
idosos levam em média 6 meses para sentirem-se confortáveis com o cuidado da
ostomia.
Para
seu conforto e segurança, sempre que sair de casa leve com você um kit contendo
bolsas de reserva, toalha de mão, sabonete neutro, um recipiente contendo água
limpa e um saco plástico.
A
durabilidade da bolsa será maior, se for esvaziada sempre que o conteúdo
atingir um terço ou, no máximo, a metade de sua capacidade.
BAREG,
G. B., SMELTZER, C.S. Brunner &
suddarth tratado fr : enfermagem medico-cirúrgica. 8a edição. Rio de janeiro:
Guanabara Koogan, 2000. p. 980.
CESARETTI.
R. U. I., SANTOS, G. C. L. V, FILIPPIN, J. M., LIMA, S. R. S. o cuidar de enfermagem na trajetória do
ostomizado: pré & trans & pós-operatórios. In: SANTOS, G. C. L. V.,
CESARETTI, R. U. I. Assintência em
estomaterapia: cuidando do ostomizado. São Paulo: Atheneu, 2000. p. 113-131.
CREMA,
E. Estomas ema abordagem
interdisciplinar. Uberaba: Pinti, 1997. p.321.
LIMA,
S. G. T. Complicações das ostomias:
prevenção e tratamento. Rev.
Enfermagem Atual, v.2, no 10, p.20-23, jul./ago.2002
LIMA,
S. G. T. Cuidando do portador de ostomiaintestinal.
Rev. Enfermagem Atual, v.2, no
10, p.22-25, mar/abr.2002
FIALHO,
A. V. M., PAUGLIUCA, L. M. F., SOARES, E. Adequação
da teoria da déficit de autocuidado no cuidado domiciliar do modelo de Barnun. Rer. Latino Americano. Enfemagem, v.10,
no5, p. 715-720, set/out. 2002.
SANTOS,
G. C. L.V. A estomaterapia através dos
tempos. In: SANTOS, G. C. L. V., CESARETTI, R. U. I. Assistência em estomaterapia: cuidando do ostomizado. São Paulo:
Atheneu, 2000. p.1-17.
SANTOS,
G. C. L. V., CESARETTI, R. U. I. Dermatites
periestona: da prevenção ao tratamento. In: JORGE, A. S., DANTAS, E. P. R.
S. Abordagem multiprofissional do
tratamento de feridas. São Paulo, Rio de Janeiro, Ribeirão Preto, Belo
Horizonte: Atheneu. P.299-318.