E-mail: ostomiasemfronteiras@yahoo.com.br

quinta-feira, 29 de março de 2012

Mensagem de Mário Romero, Presidente da AVO - Associação Valeparaibana de Ostomizados


A ostomia nos leva de encontro a uma realidade que talvez seja a mais fabulosa maneira de encontrar a vida em toda sua plenitude. Digo isso com toda minha experiencia pois, ao passar pela estrada da segunda chance, pude visualizar todos os momentos que me trouxeram até aqui. Somos uma parcela da sociedade que se sente diferenciada pelas mudanças de hábitos e de limitações que a ostomia nos proporciona. Mas acontece que dentro de nós, nasce uma força nunca imaginada de sobrevivência, uma força que transforma nossas limitações em superações, que alcança limites nunca buscados pois, desconheciamos a necessidade de transformar nossa vida em vida, vida sem medos e complexos. Então, em função de toda esta descoberta de novidades existenciais, começo uma busca por aqueles ostomizados que se escondem dentro da vida antes da ostomia. Muitos sucumbem por falta de conhecimentos, carinho e compreensão. Muitos se fecham para a sociedade, apesar que esta sociedade da valorização do corpo e da beleza ajudam muitos ostomizados a se recolherem envergonhados pelas mudanças ocorridas em seus corpos, aquelas cicatrizes enormes no abdômen, as hernias, a bolsa que se avoluma e deixa o abdômen diferente, mas, esquecem que o ostomizado pode tudo, tudo e um pouco mais, pois somos privilegiados e diferenciados. A ostomia encontra-se no abdômen e não no coração, no abdomen e não na alma, os sentimentos de um ostomizado são mais apurados e sensíveis, a capacidade de amar de um ostomizado é bem diferente , é mais profundo e mais amplo, foi nos dado o oitavo sentido, a vida em toda sua plenitude.
Procuro os ostomizados do mundo todo, quero encontra-los e abraça-los, quero dizer que a vida nos ama .Preciso mostrar que o medo não pode superar a Esperança, que cada dia apresenta a beleza a ser admirada, quer pelo por do sol, pelo canto de um pássaro, pela chuva que cai, pelo sorriso de uma criança ou pelo olhar apaixonado dos namorados. Ostomizados, se apresentem para a vida, a vida quer você vivo.

Mensagem publicada no Blog AVO-Associação Valeparaibana de Ostomizados

sexta-feira, 23 de março de 2012

O paciente ostomizado e o autocuidado


Christiane a Cláudia Yamada

O acompanhamento do paciente portador de uma ostomia intestinal deve ser realizado por uma enfermeira estomaterapeuta ou uma enfermeira treinada e qualificada, devendo este trabalho ser realizado de forma interdisciplinar.

O tempo ideal para a primeira consulta no ambulatório ou em casa, é no período máximo de 15 dias após a alta hospitalar, pois se presume que, neste espaço de tempo, a convivência com a ostomia pode tornar o ostomizado e/ou membro familiar que o assiste mais sensível, facilitando assim a identificação e o relato das dificuldades encontradas no desempenho das atividades de autocuidado.

A assistência de enfermagem prestada neste período deve estar embasada nos seguintes itens: na revisão e reforço das orientações relativas ao autocuidado; na remoção do sistema coletor; na reformulação das orientações dadas quanta à ansiedade e nível de entendimento do paciente e familiar; no encaminhamento do paciente a outros profissionais da equipe; no estímulo desses pacientes para o retorno as suas atividades diárias; no esclarecimento quanto à existência de métodos alternativos para o controle das eliminações intestinais; e no acompanhamento e reavaliações periódicas com visitas a detecção de complicações ocorridas nesta fase.

As ações específicas do auto cuidado do paciente ostomizado são baseadas em três fatores: a higiene do ostoma e pele periestoma, à observação do ostoma e pele periestoma e os cuidados com o sistema coletor.

A higiene do ostoma e da pele deve ser realizada, cuidadosamente, com água morna e sabonete de uso habitual do ostomizado, utilizando-se pedaços de tecido de algodão limpo, macio e úmido, sem esfregar, tendo o cuidado de remover os resíduos de fezes tanto da pele quanto da borda do ostoma. Não se deve usar esponjas ásperas!

Após a limpeza deve-se enxaguar abundantemente o local, para a remoção de resíduos de sabonete, cuja permanência deste ou de produtos utilizados na limpeza da pele contribui para ocorrência de dermatite química ou de contato. E resíduos de sabonete também prejudicam a aderência do sistema coletor na pele.

Após a limpeza e o enxágüe, deve-se secar bem a pele, pois a umidade excessiva interfere na aderência do sistema coletor e favorece a maceração da pele.
Algumas pessoas podem apresentar pêlos nesta área, e estes não devem ser removidos com lâminas, mas sim aparados bem curtos com uma tesoura de ponta curva, deixando-os rente à parede do abdômen.

A presença de pêlos nesta área de pele, além de interferir na aderência do sistema coletor, é um fator que contribui para o aumento do potencial para foliculite ou inflamação do folículo piloso, que tem uma das causas o trauma causado durante a retirada da bolsa ou mesmo dos pêlos.

Não utilize substâncias agressivas à pele, como álcool, benzina, colônias, tintura de benjoim, mercúrio, merthiolate, pomadas e cremes. Estes produtos podem ressecar a pele, ferindo-a e causando reações alérgicas.

No que se refere à pele periestoma, o paciente deve ser orientado quanto às características normais a serem observadas no ostoma e pele periestomal, tais como coloração (a cor deve ser vermelho-vivo ou rósea), forma regular, tamanho (obtido através do uso de guia de mensuração), protusão, umidade (pela produção de muco pela alça intestinal).
A manutenção da integridade da pele é de suma importância como fator de reabilitação, e pode ser alcançada por intermédio de condições adequadas de higiene e do uso do sistema coletor apropriado.
Quanto aos cuidados com o sistema coletor basicamente se refere à remoção e a troca do dispositivo, bem como à higiene e ao esvaziamento do mesmo.

A troca do dispositivo deve ser inicialmente, efetuada quando se observar que ocorreu a saturação da barreira de pele e antes de haver extravasamento do efluente.

A coloração da placa protetora (resina sintética), geralmente é amarela. Deve-se trocar o dispositivo quando ela estiver ficando branca (chamamos de saturação). A partir daí há risco de descolamento da placa e vazamento do conteúdo.

A troca deve ser feita preferencialmente na hora do banho, pois é mais fácil para se descolar o adesivo. Retire delicadamente a bolsa para não traumatizar a pele. Use gaze ou algodão embebido em água morna, pois facilita a retirada da bolsa. Embaixo do chuveiro, procure soltar a placa, suavemente pressionando a pele e ao mesmo tempo soltando o adesivo.
A remoção do sistema coletor deve ser realizada com movimentos delicados, iniciando pelo deslocamento do adesivo microporoso a partir da lingüeta lateral.

Após o banho, depois de secar o corpo, procure secar bem a pele periestomal.

Para colocar o sistema coletor, retire o papel que protege a resina e segure-o com as duas mãos. O osotmizado deve estar em uma posição confortável e com a observação facilitada do ostoma. Procure posicionar o estoma em frente ao espelho, procurando esticar o corpo durante a colocação.

Adapte a placa de baixo para cima, parte por parte, procurando encaixá-la no estoma, do centro para a extremidade.

Procure não deixar pregas ou bolhas de ar no adesivo, durante a sua aplicação, pois elas facilitam os vazamentos e acabam fazendo com que o dispositivo descole.
Certifique-se de que a placa esteja bem adaptada à pele.

Encaixe a bolsa coletora na placa.

Se você utiliza o cinto, coloque-o após todos estes passos.

Os pacientes idosos geralmente necessitam de auxílio para manusear o equipamento e de estimulo para realizar a limpeza da pele periostomal. Devido o grau de diminuição da visão e dificuldade auditiva, bem como dificuldade com habilidades que requeiram coordenação motora.

Os idosos levam em média 6 meses para sentirem-se confortáveis com o cuidado da ostomia.

Para seu conforto e segurança, sempre que sair de casa leve com você um kit contendo bolsas de reserva, toalha de mão, sabonete neutro, um recipiente contendo água limpa e um saco plástico.

A durabilidade da bolsa será maior, se for esvaziada sempre que o conteúdo atingir um terço ou, no máximo, a metade de sua capacidade.

BAREG, G. B., SMELTZER, C.S. Brunner & suddarth tratado fr : enfermagem medico-cirúrgica.  8a edição. Rio de janeiro: Guanabara Koogan, 2000. p. 980.

CESARETTI. R. U. I., SANTOS, G. C. L. V, FILIPPIN, J. M., LIMA, S. R. S. o cuidar de enfermagem na trajetória do ostomizado: pré & trans & pós-operatórios. In: SANTOS, G. C. L. V., CESARETTI, R. U. I. Assintência em estomaterapia: cuidando do ostomizado.  São Paulo: Atheneu, 2000. p. 113-131.

CREMA, E. Estomas ema abordagem interdisciplinar. Uberaba: Pinti, 1997. p.321.

LIMA, S. G. T. Complicações das ostomias: prevenção e tratamento. Rev. Enfermagem Atual, v.2, no 10, p.20-23, jul./ago.2002

LIMA, S. G. T. Cuidando do portador de ostomiaintestinal. Rev. Enfermagem Atual, v.2, no 10, p.22-25, mar/abr.2002

FIALHO, A. V. M., PAUGLIUCA, L. M. F., SOARES, E. Adequação da teoria da déficit de autocuidado no cuidado domiciliar do modelo de Barnun. Rer. Latino Americano. Enfemagem, v.10, no5, p. 715-720, set/out. 2002.

SANTOS, G. C. L.V. A estomaterapia através dos tempos. In: SANTOS, G. C. L. V., CESARETTI, R. U. I. Assistência em estomaterapia: cuidando do ostomizado. São Paulo: Atheneu, 2000. p.1-17.

SANTOS, G. C. L. V., CESARETTI, R. U. I. Dermatites periestona: da prevenção ao tratamento. In: JORGE, A. S., DANTAS, E. P. R. S. Abordagem multiprofissional do tratamento de feridas. São Paulo, Rio de Janeiro, Ribeirão Preto, Belo Horizonte: Atheneu. P.299-318.

quarta-feira, 14 de março de 2012

Depoimento de Priscila Buhrer



Um lindo depoimento de  Priscila Buhrer, que com o apoio de familiares e amigos, conseguiu superar as dificuldades, tornar-se uma vencedora e acreditar que ser ostomizada é uma benção.

Olá, meu nome é Priscila, tenho 33 anos, em 2006 após um exame de colonoscopia tive o diagnóstico de câncer de intestino no cólon de sigmóide, então fui submetida a uma cirurgia, onde foi retirado um pedaço do intestino onde estava a doença, meu médico preferiu não fazer radioterapia e quimioterapia, já que  ainda não tinha filhos e havia acabado de  me casar,  com o tratamento poderia ficar estéril.

Após um ano fui liberada para engravidar, em 2008 tive minha pequena Agnes, minha princesinha!!!!

Em 2009 comecei a menstruar de dez em dez dias e com fortes dores lombares, fiz vários exames, então a notícia, estava com câncer novamente,  comecei minha luta, sempre com o apoio de minha família, amigos e dos meus médicos, fiz mais uma cirurgia, o tumor estava no intestino aderido a um dos meus ovários, então foi retirado mais uma parte do meu intestino e o ovário afetado. Após duas semanas de cirurgia comecei o tratamento, fiz radio e quimio, foi um ano de tratamento.

O tratamento acabou em julho de 2010, e como o médico havia previsto, fiquei estéril entrando na menopausa precocemente. Em março de 2011 após uma ressonância, aparentemente a doença havia voltado, fiquei desesperada. Quando estava indo para o centro cirúrgico rezei muito pedi a Deus e a Nossa senhora de Aparecida que me iluminassem, que não fosse nada, então minhas preces foram ouvidas, nenhuma recidiva da doença, meu ovário e útero haviam se atrofiado e colaram no intestino devido a radioterapia. Dias após a cirurgia levei um grande susto em casa, tive uma enorme hemorragia no dreno, uma artéria havia se rompido, fui novamente para o hospital e submetida a uma transfusão, pois perdi muito sangue. No decorrer dos dias foi tudo bem, me recuperei rápido e voltei a trabalhar.

Em  junho após exames foi visto que meu rim esquerdo estava atrofiando, pois não estava passando o líquido para a bexiga devido a uma obstrução no ureter, fui submetida à outra cirurgia para reconstrução do canal do ureter, mas após duas semanas de cirurgia tive uma infecção, fiquei dias no hospital, sentindo um descaso do meu urologista,  pedi ao meu oncologista  que assumisse meu caso, então   voltei para a casa,  mas tive uma fistula na cirurgia onde ficou vazando até outubro, quando começou a vazar fezes, fiquei desesperada então voltei para o centro cirúrgico, o médico procurou a fístula mas não encontrou, fechou a cirurgia, e um dia antes da alta, começou a vazar fezes novamente pelos pontos, fiquei novamente desesperada, pois estava cansada, já havia perdido 15 kg, novamente coloquei minha vida nas mãos de Deus, foi quando descobri o que era ostomia, sai do centro cirúrgico ostomizada, após sair do hospital fiquei meio deprimida, estava mais chateada porque não era o meu normal, sempre fui muito animada e otimista. Então conheci a minha amiga Juliana, pelo facebook, também ostomizada, que ajudou muito na minha adaptação,  me apresentou as MSPG, meninas super legais que também me ajudaram muito.

Hoje voltei a minha vida normal, aprendi que ser ostomizado é uma benção, é uma chance de viver, a ostomia não me atrapalha em nada, viajo, dirijo, trabalho, faço tudo o que gosto!

Agradeço  ao meu marido, mãe, irmã  e tia que cuidaram  com muito carinho de mim, aos meus sogros e cunhado que cuidaram da minha Agnes, aos amigos que me acompanharam e ficaram ao meu lado na minha luta contra o câncer, ao Dr. Arno, um grande médico que com a ajuda de Deus me salvaram várias vezes, e aos enfermeiros que são os verdadeiros anjos que Deus coloca em nossa vida! Enfim agradeço a toda aminha família e meus amigos, e percebi quanto é bom ter pessoas queridas ao nosso lado!

Não esqueça!!!!  Viva  cada minuto como se fosse o último, sem medo de ser feliz, cada momento é único, e viver é um presente Deus, então vamos aproveitar!!!!

Um grande beijo a todos!!!!



terça-feira, 6 de março de 2012

Palestra de Nutrição

A primeira palestra ministrada  por nós do blog "Ostomia sem fronteiras", teve como tema "Alimentação saudável, Nutrição x Ostomia e Nutrição x Câncer", e foi realizada no PAM Várzea do Carmo, no dia 15 de fevereiro de 2012.

Esse dia foi muito especial, pois além de conhecermos pessoas novas que estão passando ou que passaram pelas mesmas dificuldades que nós, pudemos ajudá-las transmitindo os nossos conhecimentos.