Acompanhem o lindo depoimento de Damaris Serafim!!!
Olá
meu nome é Damaris Serafim tenho 27 anos e sou ostomizada há 4 anos.
Para
falar a verdade sou bem feliz com minha ostomia, no começo achei que não teria
mais vida social com uma bolsa na barriga o tempo todo, mas para minha surpresa
posso fazer de tudo!
Minha
história começa em 2003 quando começaram umas dores bem fortes na região do
umbigo e quando eu ia ao médico eles nunca sabiam o que era. Fiz vários exames
e nunca dava nada, mas a dor também não passava então alguma coisa era!
A
dor só piorava eu tomava um remédio que era abaixo de morfina para dor e também
não resolvia muito, eu não ia ao banheiro fazia um tempo, mas como desde bebê
eu era ressecada eu não estranhava, só me preocupei quando a bexiga também começou
parar de funcionar e eu tinha uma febre que não abaixava. Enfim, fui internada
e durante uma semana nada melhorou até que resolveram fazer uma cirurgia de
exploração pra tentar adivinhar o que estava acontecendo e foi aí que
descobriram, através de uma biopsia de um pedaço do meu intestino, que eu tinha
Doença de Chron. Foi um susto porque nem o nome da doença o médico sabia falar.
Comecei um tratamento e para quem não ia ao banheiro eu passei a ir mais de 10
vezes por dia com diarreia, mas para mim estava normal porque pelo menos dessa meu
intestino funcionava!
Foram
aproximadamente 5 anos assim, mas de repente as temidas dores reapareceram e
todo dia eu ia ao hospital tomar soro para dor. Eu trabalhava e tive que sair
do emprego porque não tinha como fazer nada com tanta dor. O médico com o qual
eu me tratava me encaminhou para a PUC-Campinas onde eu iniciei um tratamento
que para mim não resolveu em nada, eu entrei lá com 47 kg e saí com 35 kg.
Então
fui obrigada a fazer uma nova cirurgia às pressas onde drenaram pus da minha
barriga! Nessa cirurgia já foi me avisado que talvez precisaria fazer uma
ostomia ("colocar meu intestino pra fora" palavras do médico), me
assustei, chorei muito porque na minha cabeça era TODO o intestino ficaria para
fora, eu achei que eu seria uma aberração!
Ainda
bem que naquele momento isso não precisou acontecer porque eu não estava pronta
para isso...
Nove
meses depois estava tudo do mesmo jeito, dores, febre alta, inchaço sem
explicação nas pernas. E num dia de manhã acordei com falta de ar de nem
conseguir conversar com minha mãe, nunca tinha tido isso então corremos numa
nefrologista porque de novo minha bexiga não estava funcionando e lá
descobrimos que meus rins estavam parando e com isso meu coração estava fraco e
por isso a falta de ar!
Fui
internada e 2 dias depois eu estava numa mesa de cirurgia de novo. Só que
acharam que era um problema no meu sistema reprodutor, mas não era, então
tiraram um dos meus ovários e um bom pedaço do outro e me fecharam. No outro
dia eu estava com um vazamento por um dos pontos que falavam ser
"sujeira" da cirurgia e eu apertava e saía cada vez mais essa
"sujeira". Então o médico desconfiou que pudesse ser fezes e chamou
um cirurgião que comprovou as suspeitas, durante a cirurgia tinham perfurado
meu intestino e a minha sorte foi que aquele ponto abriu senão eu não estaria
aqui hoje para contar a minha história a vocês.
Após
essa constatação foi realizada uma nova cirurgia depois de 6 dias da primeira e
novamente me operaram pra dessa vez me fazerem uma ileostomia. Saí do hospital
sem saber como lidar com aquilo, mas me surpreendi comigo mesma e surpreendi
aos outros também porque 2 meses depois o médico queria fazer a reversão da
ileostomia, mas eu não aceitei e estou com ela até hoje. Só que em 2011 mais ou
menos comecei a ter dermatite de contato que não está fácil de ser curada, e
estou pensando (pensando bastante) em fazer a reversão, meu médico sonha com
isso mais do que eu, porque ele diz que sou muito nova pra ficar assim pra
sempre porque essa era minha vontade!
Nesse
furacão de acontecimentos me casei e hoje cuido da minha casa e da minha vida
sem precisar de ninguém entre aspas né, pois eu nunca mais achei que pudesse
ser independente em meio a tantos acontecimentos. Minha família sempre esteve
ao meu lado, o meu pai principalmente porque ele trabalha na área da saúde
então ele me deu muita força. E pra quem achou que não teria mais vida social
estar casada com um marido que não quer que eu faça a reversão é uma grande
surpresa. Estou feliz assim e espero que minha história ajude algumas pessoas
que pensam que é o fim do mundo quando se deparam com uma situação como essa.