Acompanhe a emocionante história de Paloma Azevedo, que melhorou a sua qualidade de vida com a ostomia, considerada por ela, a cirurgia da vida.
Meu nome é Paloma, tenho 27 anos e sou ostomizada a 2. Durante toda a minha vida sofri com muitas dores intestinais, intestino preso, febre, náuseas, até então de causa desconhecida. Somente aos 20 anos tive diagnóstico de Hischprung mais conhecida como megacolon congênito.
Primeiro problema, essa doença geralmente é diagnosticada em recém nascidos, os médicos desconhecem casos na minha idade. Por morar no interior de São Paulo, não tinha muitos recursos para exames, então parti para Unicamp; lá fiz vários exames por 2 anos, colonoscopia, enema, biopsia, transito intestinal, entre outros.
Conclusão final, como tinha chegado nessa idade e sobrevivendo a essas condições, os médicos acharam melhor não fazer a cirurgia, pois o risco de vida era grande e preferiam controlar a doença em vez operar. Só que as dores aumentaram, e as internações também...
Um dia depois de estar com a barriga totalmente inchada, muita dor, febre, vomito, fui internada as pressas com obstrução intestinal. O medico me disse que teria que fazer a cirurgia porque não iria aguentar mais tempo daquele jeito. Detalhe, o hospital da minha cidade é pequeno e não tem UTI,mas aceitei.
Em setembro de 2007 fiz a primeira cirurgia, a colectomia total, que foi um sucesso, mas a recuperação... um sofrimento. Perdi 10 quilos logo após a cirurgia, tenho 1,75 e cheguei a pesar 52 Kg , fora as dores e a diarreia constante. Foram doze dias internada e só parei de vomitar nos dois últimos dias, e tive alta. A recuperação foi lenta e dolorosa, com algumas internações e muitos remédios.
Passado 3 meses, quando me senti mais forte, novamente veio aquela dor intensa, inchaço, vômitos e... obstrução intestinal, novamente fiz cirurgia as pressas. Dessa vez, com um pouco mais de sofrimento, porque tive que ficar 3 dias na UTI com uma febre muito alta, vazamento nos pontos, muito debilitada. Mais 10 dias de internação. Tive alta e fui para casa com uma diarreia intensa,com media de 20 a 30 idas ao banheiro e quando não suboclusão intestinal, resumindo pelo menos de 2 a 3 dias no hospital durante um ano.
Não estava mais aguentando essa vida, tive depressão e síndrome do pânico por conta de tantas internações. Por uns 4 meses tomava apenas um suplemento Peptamen, pois tinha medo de comer e ter que internar.
Fui buscar ajuda em um proctologista em Ribeirão que me encaminhou para o HC, no qual em fevereiro de 2009 fiz a ileostomia. Minha qualidade de vida após a bolsa melhorou muito, consigo me alimentar bem e levo uma vida praticamente normal. Este ano tive apenas 3 internações, sinto dores com menos intensidade, me curei da depressão e síndrome do pânico, não preciso mais de calmantes, graças a Deus.
No mês passado recebi a noticia de que minha bolsa será definitiva, confesso que me senti um pouco triste, porque as vezes a falta de controle com o funcionamento da bolsa, é desconfortável, mas o medico me disse que não a tiraria, porque o meu estômago e intestino delgado são dilatados também, o meu reto não tem sistema nervoso, ai ele me perguntou: “quer ficar do jeito que era antes?” Claro que não, passar por tudo o que eu passei nunca mais. E de tudo para mim ficou a lição: não podemos desanimar nunca, por mais difícil que pareça, sempre há pessoas em situações mais difíceis do que a nossa, e que não a nada mais importante do que estar viva, por isso para mim a ostomia é a cirurgia da vida!!!!!!!!